By Norma Garza
O jornalista José Rubén Zamora Marroquín recebeu na terça, 7 de janeiro, uma notificação que o proibiu de sair do país e congelou suas contas bancárias como resultado da denúncia criminal do presidente guatemalteco, Otto Pérez Molina, por “coação, extorsão, chantagem, violação à Constituição e desacato”, no que foi considerado um ataque à liberdade de expressão do mais alto nível de autoridade.
Esta nova ação contra o diretor do elPeriódico se une à promovida pela vice-presidente Roxana Baldetti pelo suposto crime de “violência contra a mulher”, na qual Zamora foi proibido de "intimidar ou perturbar" a funcionária e se aproximar de seu domicílio ou lugar de trabalho por um período de seis meses.
Em resposta, Zamora solicitou nesta quarta, 8 de janeiro, uma queixa preliminar acusando o presidente e sua vice de abuso de autoridade e simulação de crime e assegurando que suas críticas a ambos estão protegidas pela constituição do país.
Em uma nota de opinião, Zamora escreveu que Pérez Molina "afirma em sua denúncia que lhe pedi 1,5 milhões de dólares e que quando com gentileza me disse que não podia enviar seu capanga Francisco Cuevas (secretário de Imprensa da Presidência), que nunca vi na vida, eu mandei um intermediário, cujo nome não menciona, e pedi 30 mil dólares ao mês. Além de ladrões e mafiosos, são uns grandes mentirosos. Em todo caso, não me calarão".
A denúncia de Pérez Molina contra Zamora incluía uma medida de urgência ordenando ao jornalista “o fim imediato de toda ação que envolva ameaça, intimidação, coação, contra a integridade, segurança, imagem e liberdade da vítima, dirigida de qualquer forma, seja verbal ou por escrito”, com o que se pretendia censurar as denúncias escritas contra o presidente guatemalteco em elPeriódico por ser “sediciosamente perturbadoras”.
As petições não foram concedidas pelo juiz, que marcou uma audiência para 7 de fevereiro.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas denunciou as ordens judiciais contra Zamora.
"É indignante que os dois funcionários do mais alto escalão da Guatemala estejam utilizando a justiça para impedir que um jornalista publique críticas sobre seu governo", afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. "O presidente Pérez e a vice-presidenta Baldetti devem retirar as denúncias contra Zamora, permitir que ele e seu jornal possam publicar livremente, e recordar que como funcionários públicos estão sujeitos a um maior nível de escrutínio público".
Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), disse que sua organização está preparando uma missão "que chegará à Guatemala em fevereiro para analisar toda a situação e falar com todas as partes. Isto porque nos preocupa muito a situação”, segundo o jornal Prensa Libre.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.