texas-moody

Novo presidente do México herda país com alta violência contra a imprensa e desafio de garantir liberdade de expressão

Ao tomar posse como presidente do México no sábado, 1 de dezembro, Enrique Peña Nieto prometeu que seu governo garantirá a liberdade de expressão e o exercício do jornalismo, segundo a agência EFE.

Peña Nieto, que desfrutou da maior cobertura durante as eleições presidenciais mas também foi o centro de alguns escândalos midiáticos, toma o poder no país mais perigoso para a imprensa do continente. Vários analistas mexicanos agora se perguntam como o novo presidente enfrentará o desafio de garantir a liberdade de expressão, a segurança dos jornalistas e mais espaço para novas vozes? Como será sua relação com os veículos de mídia?

No mesmo dia de sua posse, Peña Nieto anunciou seus compromissos de governo por meio do Pacto pelo México, entre os quais inclui licitar mais emissoras nacionais de televisão aberta e obrigar os canais de sinal aberto a oferecer seus sinais a preços competitivos aos operadores de televisão paga.

A analista política Denisse Dresser afirmou que a licitação de novas emissoras de televisão não é uma panaceia, mas sim um passo na direção correta. “Enrique Peña Nieto não poderá ter um governo eficaz se evitar controlar os suprapoderes que tentarão controlá-lo”, publicou Dresser na revista Noroeste.

Segundo um estudo realizado pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Peña Nieto foi o candidato presidencial que recebeu maior cobertura nos noticiários de rádio e televisão durante a campanha eleitoral, segundo o site CNN México. Um dos maiores escândalos em sua campanha foi a série de acusações dos jornais The Guardian e Reforma sobre pagamentos feitos a jornalistas e meios de comunicação para obter uma cobertura favorável durante o período em que foi governador do estado de México.

Em relação à proteção dos jornalistas, a imprensa mexicana é pouco otimista sobre o retorno do Partido Revolucionário Institucional, que governou o México durante 71 anos, até 2000. O novo presidente toma o poder com um saldo de 17 jornalistas desaparecidos e 71 assassinados nos últimos 12 anos governados pelo Partido Ação Nacional (PAN), conservador.

“Não temos um bom antecedente”, disse a editora da revista Zeta de Tijuana, Adela Navarro, em uma entrevista à rede britânica BBC. A jornalista contou que a equipe de imprensa do candidato Enrique Peña Nieto solicitou a antecipação das perguntas de uma entrevista com o candidato, bem como o currículo dos entrevistadores. “Quando explicamos que essa não era nossa política, aceitarma, mas no final o candidato nos deixou esperando”, disse Navarro.

De sua parte, o jornalista Alberto Tavira, autor da biografia Las Mujeres de Peña Nieto (As mulheres de Peña Neto), afirmou que sempre respondeu com eficiência e honestidade a seus pedidos de informação. “Em minha experiência, a pior equipe de comunicação foi a do presidente Felipe Calderón: foram herméticos e chegaram a me dizer informações falsas, o que é pior”, contou ao Centro Knight o jornalista independente especializado em relatar a vida privada de políticos mexicanos.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes