Por Maira Magro
A demissão da psicanalista Maria Rita Kehl da função de colunista de O Estado de S. Paulo, depois de ter escrito um artigo sobre a “desqualificação” dos votos dos pobres no Brasil, gerou grande repercussão e acusações de censura ao jornal, como relata o Terra Magazine.
“Fui demitida pelo jornal pelo que consideraram um ‘delito’ de opinião”, declarou a psicanalista em entrevista ao jornalista Bob Fernandes. “Como é que um jornal que anuncia estar sob censura pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?”
O artigo de Maria Rita, publicado um dia antes das eleições, elogia a tomada de posição eleitoral do Estadão – que manifestou em um editorial apoio ao candidato de oposição à Presidência, José Serra (PSDB). “Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas”, diz o texto. O artigo também critica a “elite” que "desqualifica o voto dos mais pobres", beneficiados por políticas sociais do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O diretor de conteúdo do grupo O Estado de S. Paulo, Ricardo Gandour, negou que a saída da colunista tenha sido por censura ao artigo – que, enfatizou, foi publicado integralmente, explica o Terra. Gandour afirmou que já havia uma discussão sobre a coluna, que, de acordo com ele, vinha fugindo da proposta de discutir temas relacionados a psicanálise e comportamento.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.