Por Samantha Badgen
Oito jornalistas chilenos foram presos na segunda-feira, 27 de janeiro, durante uma manifestação para evitar a venda do jornal La Nación. A manifestação ocorreu durante a reunião de acionistas onde a venda do diário de quase 100 anos foi finalizada. O desentendimento que causou as prisões aconteceu no escritório do La Nación, onde jornalistas se organizaram para protestar contra a venda do jornal.
Os presos eram dirigentes do sindicato da área jornalística do diário. Entre eles Nancy Arancibia, a presidente do sindicato, e Javiera Olivares, vice-presidente do Sindicato de Jornalistas do Chile.
Arancibia chamou todos os trabalhadores ligados aos meios de comunicação no Chile para protestar nas imediações do prédio do jornal, onde a venda foi feita, informou a Radio Bio Bio.
La Nación passou de propriedade do Estado – que era dono de 69,26% da publicação – a jornal privado depois de ser desmantelado pouco a pouco durante os últimos meses. Foi comprado pela empresa Novoa e Compañía Limitada a 320 milhões de pesos, publicou Radio Bio Bio.
Segundo o site Erbol, os arquivos de quase um século do jornal foram incorporados à coleção da biblioteca da Universidad Diego Portales, uma ação que foi criticada pelos trabalhadores do La Nación, que já não têm acesso a esses documentos.
A venda do La Nación foi recebida negativamente pelos empregados, que em várias ocasiões saíram para protestar. Com a venda, 117 trabalhadores foram demitidos.
Segundo os empregados, o diário era sustentável e viável e poderia se autofinanciar. No ano passado, eles solicitaram que o Estado recuasse no fechamento do diário e o transformasse em um meio público.
Arancibia, a presidente do sindicato jornalístico do La Nación, comentou à Radio Bio Bio que esperava que o governo do presidente Sebastián Piñera interrompesse a venda do jornal. Também disse que “a venda (...) será uma expressão do fracasso em explicar a importância deste meio público de 97 anos e todo o potencial que desperdiçam ao não seguir com ele e fortalecer seu papel e sua administração para crescer e se desenvolver a serviço da informação”.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.