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Podcasts latino-americanos sobre feminicídio vão além dos crimes e mostram violência sistêmica e falhas nas instituições

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  • 2 dezembro, 2020

Por Marina Estarque e Silvia Higuera

A América Latina é a região mais perigosa do mundo para as mulheres, com taxas de feminicídio altas e que seguem aumentando, segundo as Nações Unidas. Em 2018, mais de 3.500 mulheres foram assassinadas em 25 países da região por questões de gênero, de acordo com um relatório da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL).

Em setembro, dois podcasts que abordam o feminicídio em dois países da região foram lançados – os últimos episódios, incluindo os extras, foram ao ar em novembro. Os podcasts de jornalismo narrativo Praia dos Ossos e La Nota Roja partem de crimes antigos, cometidos há décadas, para abordar uma realidade que persiste na região: a violência sistêmica contra a mulher e uma cultura machista que culpa as vítimas e inocenta os assassinos.

A LatAm Journalism Review (LJR) falou com os criadores dos dois podcasts, que não se dedicam a descobrir o autor dos crimes ou a desvendar um mistério, mas sim explicar as raízes culturais e as falhas nas forças de segurança e no sistema de Justiça que permitem que esses crimes se perpetuem.

Colagem Praia dos Ossos.

Colagem Praia dos Ossos. Imagem: Divulgação/Rádio Novelo

Praia dos Ossos

O podcast de jornalismo narrativo Praia dos Ossos, da produtora brasileira Rádio Novelo, conta a história de uma rica dona de casa, Ângela Diniz. Ela foi assassinada com quatro tiros em uma casa na Praia dos Ossos, em Búzios, no estado do Rio de Janeiro, pelo então namorado Doca Street, em 1976. O caso ficou conhecido pelo nome do assassino, o réu confesso Raul Fernando do Amaral Street, o Doca – o que por si só revela uma injustiça, porque apaga o nome e a história da vítima.

Ao longo dos anos após o crime, uma narrativa, criada pelos advogados de defesa de Doca e encampada por boa parte da imprensa e da opinião pública na época, transformou o assassino em vítima e, por último, em herói. O podcast conta que surgiram camisetas com o rosto dele, um restaurante começou a servir “filé Doca Street” e fizeram até um drink em sua homenagem, que vinha com quatro balinhas no copo. No primeiro julgamento, em 1979, ele foi recebido por uma legião de fãs na porta do fórum.

Os advogados de defesa argumentaram que Ângela tinha ofendido Doca em sua "honra de homem", o que o obrigou a matá-la. A tese, que era conhecida como “legítima defesa da honra”, teve sucesso. No julgamento, a reputação de Ângela foi atacada – ela foi chamada de "mulher fatal", "Vênus lasciva", “prostituta de alto luxo da Babilônia”, "libertina", "depravada", entre outros termos.

Doca foi condenado a dois anos de prisão e saiu livre do tribunal, porque já tinha cumprido parte da pena. A decisão gerou uma revolta entre mulheres e impulsionou o movimento feminista no Brasil. No segundo julgamento, já nos anos 80, houve mobilização das feministas, e Doca foi condenado a 15 anos de cadeia, dos quais cumpriu três em regime fechado.

A fundadora da Rádio Novelo, Branca Vianna, apresentadora e idealizadora do Praia dos Ossos, diz que pensou em fazer o podcast ao descobrir que as novas gerações não conheciam o caso. Mas ela não queria seguir o estilo true crime, um gênero de podcast que faz muito sucesso e tem como grande exemplo o norte-americano Serial.

Fundadora da Rádio Novelo, Branca Vianna,

Fundadora da Rádio Novelo, Branca Vianna, durante pesquisa nos arquivos do jornal Estado de Minas. Foto: Divulgação/Rádio Novelo

Vianna afirma que não gosta desse gênero. "Não nos interessa ficar tratando de crime, especialmente de feminicídio, entrando nos detalhes sórdidos da história", disse ela, em entrevista à LJR. Questionada sobre o Serial, que também retrata um feminicídio, Vianna diz que tem enorme admiração profissional pelo podcast, pela sua qualidade técnica e narrativa.

"Aquilo é extremamente bem feito, é uma aula de como fazer um podcast. [...] Mas eu ouvi muito incomodada e me achando cúmplice do que estava acontecendo ali, uma exploração de um feminicídio, em que a vítima não aparece. Aparece o cadáver dela, as circunstâncias da morte, necropsia, mas a gente não sabe quem é aquela menina, ela não interessa", explica.

Vianna acredita que o Serial falha em não apresentar as condições sociais que são as bases da violência de gênero. "O que fazem é transformar aquilo num thriller. Só que é uma história real, então tem questões éticas que considero muito graves".

A pesquisadora e coordenadora de produção do podcast, Flora Thomson-DeVeaux, afirma que houve, desde o começo, uma preocupação em não transformar o crime em espetáculo. Para ela, essa abordagem seria não apenas "moralmente repugnante", mas redundante, porque o "ângulo espetaculoso esteve presente desde o início" da cobertura do caso. "Isso já foi explorado amplamente ao longo dos anos", disse ela, em entrevista à LJR.

Além disso, as criadoras do podcast argumentam que o caso Ângela Diniz não se prestaria a uma narrativa true crime, porque não há um mistério para ser resolvido. Todos sabem como, quando, onde e quem a matou. "Estava muito claro desde o começo que a gente não ia dedicar tempo e espaço a essas minúcias mórbidas que são o centro de muitas produções desse tipo, como onde caiu o sangue, coisas assim. Isso teria relevância se tivesse alguma dúvida sobre a autoria, mas já que as circunstâncias não guardavam mistério, nem fazia sentido", diz Thomson-DeVeaux.

Por isso, a equipe refletiu sobre a importância de incluir cada detalhe sobre o crime. E nada entrava se não tivesse uma função clara. "Essa já é uma coisa que pensamos muito em roteiro de podcast, porque o que sobra atravanca. Tem que ser um roteiro enxuto, porque o ouvido não sabe digerir muita coisa. O que fica no roteiro você tem que justificar muito bem", diz Thomson-DeVeaux. Ela conta que, nesse processo de filtrar rigorosamente as informações, pensava na família da vítima e em como eles sofreram com a exploração do caso pela mídia.

Por terem uma opinião crítica sobre true crime, Vianna e Thomson-DeVeaux decidiram que o Praia dos Ossos teria um foco diferente. O objetivo não seria narrar o crime em si, mas analisar as raízes e as repercussões. "Para mim só interessa [se o crime] revelar algo sobre a sociedade em que a gente vive e puder, de alguma maneira, apontar caminhos", diz Vianna, acrescentando que o caso era um "reflexo da sociedade da época".

Flora Thomson-DeVeaux

A pesquisadora e coordenadora de produção do Praia dos Ossos, Flora Thomson-DeVeaux. Foto: Divulgação/Rádio Novelo

O podcast conta, de forma aprofundada, quais foram os impactos do crime para o movimento feminista, o papel da cobertura machista da imprensa e as principais falhas do sistema judicial. Também avalia o que mudou e o que ainda precisa mudar.

Nesse sentido, o fato de se tratar de um crime antigo permitiu, segundo Vianna e Thomson-DeVeaux, uma distância analítica. "O povo fica pinçando casos recentes do noticiário falando pra gente fazer um Praia dos Ossos 2, e não tem sentido. Porque a nossa proposta desde sempre foi de pegar esse caso que teve uma importância evidente no momento, mas teve repercussão ao longo de décadas", diz Thomson-DeVeaux, deixando claro que não há planos de uma segunda temporada do podcast.

O Praia dos Ossos também se diferencia de produções de true crime pelo esforço de pesquisa e investigação para contar a história da vítima e revelar a sua voz. Em um dos momentos mais fortes do podcast, elas conseguem achar um raro registro da voz de Ângela Diniz, em um comercial de cartão de crédito, e admitem estar "absolutamente obcecadas" com o áudio.

Thomson-DeVeaux conta que buscou fugir da guerra da narrativas que se estabeleceu após o crime, quando havia grupos que tentavam santificar ou demonizar a Ângela Diniz. "Tem uma reação meio automática de idealizar a vítima, e isso também não é interessante. A Ângela era uma personagem complexa. A gente partiu essencialmente de uma curiosidade, de entender quem ela foi".

Para encontrar esses registros, Thomson-DeVeaux pesquisou em jornais e revistas da época, principalmente na Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional. Quando alguma matéria não estava no acervo digital, ela e Vianna saíam em busca de uma versão impressa em sebos, no site de livros Estante Virtual e em uma banca que vende revistas antigas no Rio de Janeiro. As duas contam que "depenaram" e "atacaram tudo quanto é sebo que tem por aí".

Thomson-DeVeaux diz que "estava viciada" na pesquisa e leu "centenas de milhares de textos", em um trabalho que ela descreve como de "puro acúmulo" e "insistência". "As melhores coisas saíram dali. É um trabalho meio braçal, de garimpo mesmo. Você lê quinze matérias que não contam nada de novo e na décima sexta você acha algum detalhe bizarro, alguma aspa, que te dá um gás para ler mais trinta", lembra.

Elas também foram até Minas Gerais, estado de origem da Ângela Diniz, e visitaram a biblioteca estadual, onde encontraram publicações locais que não estavam na Biblioteca Nacional. Ao contrário dos acervos digitais, em que é possível fazer buscas por palavras-chave, elas precisavam ler jornais inteiros atrás de uma única reportagem.

Fundadora da Rádio Novelo, Branca Vianna,

Fundadora da Rádio Novelo, Branca Vianna, em entrevista para o Praia dos Ossos. Foto: Divulgação/Rádio Novelo

As criadoras do podcast pediam para a bibliotecária todo o material de um certo ano, que era importante para a história, e torciam para achar alguma informação ali. "Você coloca uma luvinha e vai olhando... Eu ia pedindo, e a moça ia colocando aqueles volumes gigantescos totalmente empoeirados na minha frente", lembra Vianna.

Apesar de demorada, essa busca tem vantagens. Como é preciso olhar de página em página, as pesquisadoras acabaram aprendendo sobre o contexto da época, assegura Vianna. "Você vai vendo que tipo de propaganda tem na revista, como as mulheres eram retratadas, quais eram as outras coisas que estavam acontecendo naquela cidade naquele ano, e isso te ajuda a entender melhor o assunto que você está de fato pesquisando. É muito bacana esse processo pessoal, físico, porque vai te dando ideias".

O Praia dos Ossos demorou quase dois anos para ser feito: foram mais de 50 entrevistas, 80 horas de material gravado, e uma equipe de mais de 40 pessoas, com a direção criativa de Paula Scarpin, também da Rádio Novelo. Os direitos foram comprados pela Conspiração Filmes, que vai adaptar a história para o audiovisual.

La Nota Roja

Foi em 1993 que o mundo começou a conhecer Ciudad Juárez, no México, pelo crescente número de feminicídios. A cidade havia se tornado um dos lugares mais perigosos do mundo e alguns meios de comunicação se referiam a ela como "a cidade que matava mulheres".

Madre de víctima de feminicidio en Ciudad Juárez

Madre de víctima de feminicidio en Ciudad Juárez. (Foto: Abraham Buendía Rodríguez /Cortesía Imperative Entertainment & Blue Guitar)

Mulheres e meninas desapareciam e eram encontradas mortas, com sinais de abuso sexual e de uma morte brutal. Entre 1993 e 1999, os piores anos, foram cometidos 198 assassinatos em Juárez, segundo registros oficiais. Mais de 25 anos depois, os crimes não pararam e continuam impunes.

Em um esforço de dar nova visibilidade a esses casos, nasceu La Nota Roja, um podcast disponível em espanhol e em inglês (como The Red Note) que aborda os feminicídios em Ciudad Juárez por meio de depoimentos de familiares de vítimas, pesquisadores, acadêmicos, jornalistas e ativistas.

No início, o diretor Craig Whitney e a produtora Estefanía Bonilla Hernández queriam fazer um filme. No entanto, durante a busca por financiamento, eles encontraram a Imperative Entertainment, que sugeriu que fizessem um podcast também.

“Foi muito interessante porque um longa-metragem tem apenas algumas centenas de minutos de duração, e essa história é muito mais complicada do que podemos contar em um longa-metragem”, disse Whitney à LJR. “O podcast explora as causas, as diferentes perspectivas, e a evolução dessa história durante os mais de 25 anos de feminicídios em Juárez”.

O podcast, cujo último capítulo foi publicado em 17 de novembro, começou anos antes da gravação e produção, que tiveram início em 2020, explicou Whitney. Ele e Bonilla Hernández investigam os feminicídios há quase 10 anos e, por isso, sabiam que o assunto deveria ser tratado com cuidado –a começar pelo uso da linguagem até a forma de abordar as famílias das vítimas.

“Acho importante que possamos compartilhar a cultura da fronteira, a personalidade do povo de Juárez e Chihuahua”, explicou Whitney. “Mas, ao mesmo tempo, essa história dos feminicídios em Juárez é a história do início da crise dos feminicídios no México. E para entender esse problema é importante que entendamos onde começa a crise e por que ela começa em Ciudad Juárez”.

Desde o início eles queriam incluir na sua equipe –composta por quase 30 pessoas– jornalistas que tivessem investigado o assunto e que soubessem explicá-lo. Foi assim que as jornalistas Alicia Fernández e Lydia Cacho se tornaram parte do projeto. Fernández é de Ciudad Juárez e tem feito a cobertura da violência na região, incluindo feminicídios, para meios de comunicação como El Diario de Juárez, El País, e agora como freelancer. Ela estava encarregada das reportagens e das entrevistas do podcast, bem como da checagem de algumas partes do roteiro.

Equipo del podcast La Nota Roja.

Equipo del podcast La Nota Roja: Ernesto Pardo, Estefanía Bonilla Hernández, Craig Whitney, Alicia Fernández, Nicolás Aguilar Limenes, Rafael Hernández, Renix Nava y Héctor Zubieta. (Foto: Abraham Buendía Rodríguez / Cortesía Imperative Entertainment & Blue Guitar)

"Temos muita sorte de poder trabalhar com a Alicia neste projeto", disse Whitney. “É [um assunto] muito difícil e é preciso ter muito cuidado durante uma entrevista com os familiares das vítimas em Juárez. Por ser uma mulher da fronteira, foi muito mais fácil não só criar uma conexão e fazer uma entrevista produtiva, mas também fazer a entrevista de forma cuidadosa e respeitando as emoções das famílias”.

Segundo Fernández, o projeto é importante para recontar essa história, que foi sendo esquecida pela imprensa internacional devido à extrema violência que a cidade vive em geral. “Essa história, que ainda estava se desenvolvendo e que não tinha uma solução, como o feminicídio e a violência de gênero na cidade, foi deixada de lado”, disse Fernández à LJR. "As motivações foram justamente colaborar num projeto que, na minha opinião, poderia fazer essa contextualização e que [...] nos permitia mostrar uma situação que se arrasta há vários anos até hoje."

Cacho, por sua vez, é a voz das duas versões do podcast. Sua experiência cobrindo feminicídios na década de 1990 e seu trabalho como jornalista investigativa de violações de direitos humanos foram vitais para o projeto, de acordo com Whitney.

“Durante o processo de edição do roteiro, trabalhei com Lydia para editá-los e usar sua perspectiva”, explicou o diretor. "Mas, mais do que as informações ou as histórias nos roteiros, a paixão de Lydia ao contar a história [foi crucial]."

Todo o processo de realização durou cerca de 9 meses. Desse total, eles passaram três semanas em Ciudad Juárez gravando e apurando em fevereiro passado. Para Whitney, a experiência dessas jornalistas, assim como a dele e da produtora permitiu que eles trabalhassem de forma mais rápida porque "não poderíamos investigar os feminicídios em Juárez por 9 meses", disse.

Desde o primeiro capítulo, que foi ao ar em 22 de setembro, o podcast já foi ouvido em 23 países, como México e Estados Unidos, mas também na Europa e Ásia. Ter o trabalho de dubladores para oferecer o podcast em inglês permitiu atingir um público mais internacional.

“Estou muito feliz de poder compartilhar a história não só com os Estados Unidos ou o México, mas também com pessoas do Egito, Japão, Rússia”, disse o diretor. "Foi muito importante durante o processo de gravação, redação e edição do podcast a combinação de minha perspectiva como gringo, a perspectiva de Alicia como alguém da fronteira e a de Lydia como mexicana porque estamos falando para muitas pessoas diferentes ao mesmo tempo."

Equipo de La Nota Roja en Ciudad Juárez

Equipo de La Nota Roja haciendo reportería en Ciudad Juárez. (Foto: Abraham Buendía Rodríguez / Cortesía Imperative Entertainment & Blue Guitar)

O podcast também teve um impacto na imprensa. A produção não só apareceu em vários veículos, mas alguns jornalistas se mostraram interessados ​​em aprender como cobrir o feminicídio, de acordo com Whitney.

“O podcast é uma história de violência de gênero, mas ao mesmo tempo é uma história do trabalho de jornalistas como Alicia, como Blanca Carmona, como Lydia”, disse Whitney. “E é um podcast sobre o trabalho dos coletivos de Juárez e dos ativistas sem os quais essa história poderia ter sido esquecida pelo público”.

Fernández concorda com a importância que o podcast pode ter para melhorar a cobertura da violência de gênero no país e, quem sabe, na região. Segundo ela, o trabalho de Whitney e da produtora Bonilla sempre foi muito cuidadoso no uso da linguagem – algo que lhe deu confiança para continuar participando do projeto. Fernández conhece bem o assunto porque ela dá workshops sobre como cobrir violência de gênero e sobre as consequências que uma cobertura estereotipada pode ter.

“Há uma responsabilidade muito grande na maneira como você diz as coisas. Não existe [perspectiva de gênero] nas instituições, não existe na linguagem, provavelmente não existe em muitas áreas do jornalismo, por isso é importante começar a prestar atenção em como essas histórias são contadas com uma perspectiva de gênero [...] Para mim isso é muito importante, porque conheço precisamente muitas mães [de vítimas] que estão um pouco cansadas disso", disse Fernández.

A análise de casos ocorridos há mais de 25 anos possibilitou que eles encontrassem outras perspetivas, mas ao mesmo tempo trouxe certa desilusão, porque constataram que as mudanças em termos de impunidade não foram significativas. No entanto, eles reconhecem que é importante que outras gerações saibam o que aconteceu na cidade. “Fazer essa retrospectiva permite que você diga ‘olha, vou contar uma história, isso aconteceu há 25 anos, provavelmente você ainda não existia […] Mas talvez te interesse’”, disse Fernández.

Nesse sentido, Whitney acrescenta que, neste caso, não era tão relevante descobrir os autores, mas sim os motivos. “Nesta história foi mais importante compreender o problema de forma sistêmica, devido à combinação das maquiladoras de Juárez, tráfico de pessoas, narcotráfico, armas, corrupção, a infraestrutura de Juárez... todas essas forças combinadas causam os feminicídios. Quem é o homem com a arma é menos importante do que quais são as forças que causam essa violência de gênero na fronteira”.

Além do podcast, a equipe trabalhou em paralelo para desenvolver o filme, um plano que foi mantido. A pandemia atrasou um pouco o lançamento, mas eles esperam poder fazer isso em 2021, assim como pensam em criar outras temporadas do podcast, que podem tratar da violência de gênero no México.

 

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