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Proteção policial a jornal mexicano provocou mais ataques, afirmou editor do El Siglo de Torreón

Depois de uma semana em que foram registrados três ataques armados contra o jornal mexicano El Siglo de Torreón, o diretor editorial do periódico, Javier Garza, considera que as medidas de proteção para veículos de mídia e jornalistas tomadas pelas forças policiais devem ser avaliadas, já que podem estar sendo contraproducentes.

“Concluímos que foram ataques contra os policiais federais que vigiavam o jornal e não um ataque contra nós”, disse em uma entrevista para o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. Como consequência, os diretores do diário analisam medidas de segurança mais eficazes porque “receber proteção já não é garantia de nada” e, pelo contrário, a presença da polícia “chamou mais agressões”, segundo o editor.

Após o terceiro ataque, o periódico solicitou a retirada dos agentes da polícia federal que protegiam o edifício desde 8 de fevereiro, dia em que foram sequestrados cinco empregados do jornal em diferentes zonas da cidade de Torreón, ao norte do México. Agora membros do exército mexicano protegem as instalações do periódico, explicou Garza. Neste contexto, o diário mantém um critério editorial para proteger seus repórteres sem deixar de informar sobre os fatos violentos que ocorrem na região. “Seguimos com as mesmas medidas porque é difícil tomar mais”, contou Garza.

Enquanto isso, os funcionários que foram seqüestrados e liberados depois de algumas horas ainda não retomaram o seu trabalho. O jornal lhes ofereceu atenção psicológica e nenhum deles a aceitou até agora, disse Garza. “O que estamos vendo são disputas de grupos criminais e ataques contra órgãos policiais, e nós, dos meios de comunicação, ficamos em meio ao fogo cruzado”, explicou o diretor do jornal, que sofreu dois ataques armados em 2009 e 2011 que até hoje não foram investigados pelas autoridades mexicanas. Garza acrescenta que a impunidade é a principal razão para que os grupos criminais continuem a cometer agressões contra meios de comunicação, já que não recebem represálias.

A organização Artigo 19, defensora da liberdade de expressão, criticou a resposta institucional perante os ataques: “Diante destes fatos fica evidente a ineficácia e a incompetência do mecanismo e das medidas de segurança tomadas pelas autoridades, sendo estes atos claras simulações", a organização publicou em seu site.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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