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Quatro jornalistas venezuelanos que enfrentam processos por difamação agora estão proibidos de deixar o país

Uma ordem judicial proibiu que quatro jornalistas venezuelanos do Armando.info, três deles fundadores do site, saiam do país. O 11º Tribunal de Justiça da Área Metropolitana de Caracas emitiu a decisão a pedido do empresário colombiano Alex Nain Saab Morán, noticiou o site Runrun.es.

Roberto Deniz, Alfredo Meza, Joseph Poliszuk e Ewald Scharfenberg estão atualmente fora da Venezuela, então a medida judicial, segundo eles, apenas os impede e adia seu retorno ao país. Por questões de segurança, os jornalistas decidiram deixar a Venezuela temporariamente no início de 2018. A decisão foi tomada após queixas por difamação grave continuada e injúria grave que Saab apresentou contra eles em setembro de 2017.

Poliszuk disse ao Centro Knight, diretamente da Colômbia, que planejava retornar à Venezuela nos próximos dois meses. No entanto, disse ele, depois da medida judicial recente, ele e seus colegas continuarão a editar o site a partir do exterior.

O empresário processou os jornalistas do Armando.info depois da publicação de duas reportagens assinadas por Deniz. As reportagens indicavam as supostas conexões entre Saab e o governo do presidente Nicolás Maduro em negócios envolvendo a importação de alimentos para o programa estatal do Comitê Local de Abastecimento e Produção (CLAP).

Saab também pediu, através de seus advogados, que um tribunal de primeira instância proíba Scharfenberg, Poliszuk, Deniz e Meza de mencionarem seu nome em suas investigações jornalísticas, porque afetam "sua honra e sua reputação", informou o El Pitazo.

No dia 5 de agosto deste ano, o Armando.info publicou mais uma matéria da série de reportagens sobre o programa estatal do CLAP e sua possível privatização. Saab é mencionado na reportagem.

Scharfenberg, em entrevista ao Centro Knight, disse que todos os eventos recentes destacam a disposição de Saab de continuar a intimidar repórteres e, em geral, a silenciar a publicação de novas revelações jornalísticas no Armando.info sobre sua suposta participação no negócio com o Estado venezuelano.

"As medidas já acordadas em tribunal e aquelas que a contraparte solicitou parecem impraticáveis", disse Scharfenberg. "A proibição de saída, porque de fato já estamos no exterior; e a proibição de publicação, porque nosso servidor e entidade legal estão nos Estados Unidos, a menos que implique no bloqueio direto de nosso site na Venezuela, (medida) mais severa do que nós temos sofrido nas últimas duas semanas", acrescentou.

Entre 8 e 13 de agosto, ambos os sites Armando.info e El Pitazo sofreram bloqueios seletivos do Estado e de serviços de provedores de internet estatais e privados na Venezuela, de acordo com relatório do Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS) do país. Sem qualquer notificação dos serviços de provedores e sem ordem judicial explícita, segundo o IPYS da Venezuela, os dois sites não estavam disponíveis aos usuários nessas datas por várias horas. A organização, que observa da liberdade de imprensa, descreveu o incidente como uma violação do devido processo legal e censura seletiva e indiscriminada contra os dois meios de comunicação.

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