Nota da Editora: Esta história foi atualizada para incluir uma reação da família de Salvador Adame Pardo.
A Procuradoria Geral do Estado de Michoacán informou que os restos mortais do jornalista desaparecido Salvador Adame Pardo foram encontrados em um campo vazio ao lado de uma rodovia entre Nueva Italia e Lombardía. No entanto, a família de Adame Pardo criticou a investigação sobre o caso e disse que poderá enviar os restos mortais a um laboratório independente para uma segunda análise de DNA, noticiou o Proceso.
Adam Pardo, jornalista e proprietário do canal 6 TV em Múgica, foi sequestrado em Nueva Italia, Michoacán, no dia 18 de maio. O procurador-geral, José Martín Godoy Castro, disse que Adame Pardo foi morto e depois queimado por integrantes do crime organizado, informou o Quadratin.
Daniel Rubio Ruiz, que cresceu na mesma casa que Adame Pardo, foi preso no dia 21 de junho pela conexão com um sequestro de 2015. De acordo com Godoy Castro, durante seu depoimento Rubio Ruiz (também conhecido como El Cabezas) disse que, enquanto tentava encontrar Adame Pardo após o desaparecimento do jornalista, soube que um líder do crime organizado na região chamado El Chano Peña ordenou o sequestro e o assassinato.
Godoy Castro disse que a causa provável seria um problema pessoal entre El Chano e Adame Pardo. Ele disse que se baseou em mensagens trocadas pelos dois, que estão sob investigação.
Na época do sequestro de Adame Pardo, membros da família relataram que o jornalista havia recebido ameaças anônimas por causa de seu trabalho. Ele era sabidamente um crítico do trabalho do prefeito de Múgica e do crime organizado da área.
Frida Urtiz Martínez, mulher de Adame Pardo e co-proprietária do canal 6 TV, sofreu um ataque cardíaco enquanto investigava o desaparecimento do marido.
No final de maio, Urtiz Martínez e cerca de 100 jornalistas apresentaram uma denúncia criminal coletiva pelo sequestro de Adame Pardo à Unidade Especializada de Combate ao Sequestro da Procuradoria Geral do Estado, informou o Animal Político.
A denúncia exigia que as autoridades investigassem o desaparecimento levando em conta o trabalho de Adame Pardo como jornalista. No documento, também foi mencionado que Adame Pardo e Urtiz Martínez foram espancados pela Polícia Municipal enquanto cobriam a ocupação cidadã do gabinete do prefeito de Múgica em 2016, acrescentou o site de notícias.
Durante coletiva de imprensa realizada em 27 de junho, a filha de Adame Pardo, Frida Navidad Adame Urtis, disse que a investigação sobre o desaparecimento de seu pai está infestada de inconsistências e que a família pode solicitar um novo teste de DNA dos restos mortais em um laboratório independente do Estado, de acordo com o Proceso. Ela também negou que seu pai tivesse qualquer vínculo com membros do crime organizado, e solicitou que o caso passe a ser investigado pela Procuradoria Geral Federal.
“Estamos indignados com a forma com que eventos tão delicados para a família se tornaram públicos, além da terrível insistência das autoridades em afirmar que o que aconteceu com meu pai foi por motivos pessoais e não jornalísticos, sem que as linhas de investigação fossem esgotadas, e sem que houvessem provas contundentes,” disse a filha, de acordo com El Universal.
Profissionais de mídia em Michoacán condenaram o assassinato e solicitaram a implantação de um mecanismo de proteção para a família de Adame Pardo, noticiou El Universal. Eles pediram às autoridades que esgotassem todas as linhas de investigação, especialmente em relação ao trabalho de Adame Pardo como jornalista.
O sequestro de Adame Pardo aconteceu na mesma semana em que o jornalista Javier Valdez foi morto em Sinaloa e Jonathan Rodríguez foi morto em Jalisco. A mãe de Rodríguez e diretora de informações no semanário El Costeño, Sonia Córdova, também foi baleada, mas sobreviveu.
*César López Linares colaborou nesta reportagem.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.