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Reunião semestral da SIP reconhece avanços e aborda desafios para a liberdade de expressão nas Américas

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  • 13 abril, 2016

Por Giovana Sanchez

A reunião semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), ocorrida entre 8 e 11 de abril em Punta Cana, na República Dominicana, concluiu as discussões renovando seu apoio à liberdade de imprensa e condenando as persistentes violências sofridas por jornalistas no continente. 

O encontro reuniu mais de 280 diretores de veículos de mídia e jornalistas nas Américas. Como resultado da reunião, o grupo produziu um texto final em que menciona avanços relacionados a impunidade e liberdade de imprensa na Argentina (interrupção dos ataques à imprensa independente), em Cuba (melhora do tratamento com a imprensa internacional), no Paraguai (extradição do suspeito de assassinato de jornalista Paulo Medina) e na República Dominicana (eliminação parcial da criminalização da difamação na lei de expressão e pensamento).

O texto também ressalta os desafios no combate à impunidade e violência constante a jornalista, especialmente em seis países que concentram 12 assassinatos de jornalistas desde a 71a Assembleia Geral da SIP em outubro de 2015: quatro foram mortos no México, outros quatro no Brasil, um na Colômbia, um em El Salvador, um na Venezuela e um na Guatemala

O grupo acrescentou que, no México, há um "alarmante aumento da violência contra jornalistas mulheres (84 casos [em 2015, segundo a organizaça6o Artigo 19 México] variando de bullying a assédio sexual e a agressões verbais em redes sociais." 

A SIP aprovou resoluções específicas condenando os homicídios e exigindo que os governos dos respectivos países tomem atitudes para elucidar os crimes.

O texto final ainda comenta casos de "censura, restrições, prisões e ameaças contra meios de comunicação, seus donos ou seus jornalistas" em países como Bolívia, Cuba, EquadorEl Salvador e México. Ações policiais, pressões e ameaças por parte de narcotraficantes também foram citadas na República Dominicana, El Salvador, Ecuador e Paraguai. 

Na reunião, o presidente da República Dominicana, Danilo Medina, assinou a Declaração de Chapultepec, se comprometendo com a liberdade de expressão e de imprensa, segundo o El Nacional.

Adotada em 1994, a Declaraçao de Chapultepec enfatiza os princípios necessários para a liberdade de expressão e de imprensa para apoiar uma sociedade democrática.

Alberto Ibargüen, presidente da Fundação Knight e ex-editor do The Miami Herald e El Nuevo Herald, recebeu o Grande Prêmio 2016, nomeado pela Declaração. [Aviso: O Centro Knight para Jornalismo nas Americas recebe fundos da Fundação Knight.]

Ibargüen participa da SIP desde que começou a trabalhar como editor do The Herald. Ele também lançou a primeira campanha na SIP contra impunidade de crimes contra jornalistas.

Ibargüen disse aos participantes que quando a Declaração de Chapultepec foi assinada, as pessoas não podiam prever que "uma nova e diferente guerra contra o jornalismo surgiria, o jornalismo e a liberdade de expressão, a guerra cujos protegonistas não são do governo, mas têm interesses comerciais como um traficante de drogas ou ideólogos como terroristas são geralmente, e na qual o objetivo não é silenciar o jornalista, mas usar seu assassinato como arma numa propaganda de guerra, usando a mídia atual e a tecnologia para espalhar atrocidades sem necessidade ou Estado ou imprensa", informou o ElSalvador.com.

Acerca dessas ameaças, ele pediu aos participantes que lutassem pela liberdade de expressão, que achassem um modelo de negócios sustentável e que permanecessem unidos, segundo o site de notícias.

Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), também falou sobre a importância do esforço coletivo na luta pela liberdade de expressão no continente.

"A história da liberdade de expressão e pluralismo na América Latina não é linear. É uma história de aceleração e freios", disse Almagro. "Todos nós: organizações internacionais como a OEA, sociedade civil, governos, pessoas protestando nas ruas ou nas redes sociais, jornalistas nesse continente que trsitemente arriscam suas vidas diariamente, donos de veiculos; todos nós temos um papel para assegurar que a liberdade de expressão e o pluralismo se sobreponham a interesses privados.”​

A SIP se reúne duas vezes por ano. A reunião anual, a 72a Assembleia Geral, está marcada para 13 a 17 de outrubro de 2016, na Cidade do México.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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