A ordem de um tribunal para julgar uma equipe de jornalistas de um jornal no Panamá foi interpretado pela Sociedade Interamericana de Imprensa, SIP, como "um aviso para os meios de comunicação que denunciam irregularidades no governo", como disse a organização em um comunicado.
O tema se relaciona com a queixa apresentada por Lourdes Castillo, atual Autoridade do Canal do Panamá, contra quatro jornalistas do jornal La Estrella por supostos crimes contra a honra, de acordo com o mesmo jornal. O periódico publicou entre abril e mayo de 2011 uma serie de reportagens sobre supostas irregularidades na concessão à empresa Naves Supply S.A., da qual Castillo é acionista.
Os promotores que investigam o caso pediram em três audiências a extinção da denúncia porque a violação da honra se aplica apenas a pessoas físicas e não a pessoas jurídicas, como neste caso, que o jornal só mencionou a empresa.
Para Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, é "incongruente" esta ordem após o Ministério Público pedir a extinção do processo. Ela acrescentou que "mais do que saber se as investigações das denúncias jornalísticas são benéficas para corrigir eventuais anomalias, a intenção subjacente é a de amansar a imprensa para que, por medo de represálias, exerça um jornalismo morno e manipulado. Isso é o oposto da liberdade de imprensa "
Em seu relatório sobre o Panamá, apresentado na sua reunião de março passado, a SIP destacou que não havia diminuído no país “o nível de confronto” entre “importantes membros do governo” e alguns veículos e jornalistas independentes quando estes realizam investigações sobre possíveis casos de corrupção ou quando divulgam ações de servidores públicos que “não são explicadas com clareza suficiente em assuntos de evidente interesse público”.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
