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Vinte e cinco jornalistas argentinos recordam José Luis Cabezas, assassinado há 25 anos

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  • 2 fevereiro, 2022

Este artigo foi publicado originalmente por Fopea e está republicado aqui com autorização.

[Nota da LJR] O jornalista argentino José Luis Cabezas foi um dos primeiros a fotografar o empresário Alfredo Yabrán, um conhecido e recluso empresário com supostas conexões com casos de corrupção e crime organizado. As fotografias, publicadas em março de 1996 na revista Notícias, são apontadas como o motivo do seu assassinato, em 25 de janeiro de 1997. Segundo o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), a Justiça argentina condenou oito pessoas pelo sequestro e morte de Cabezas. “O tribunal considerou que o assassinato foi planejado por Yabrán, que cometeu suicídio em 1998,” relata o CPJ.  Vinte cinco anos depois do crime, nenhum dos condenados pela Justiça permanece preso, informa o Infobae.

No 25º aniversário do crime, o Foro de Periodismo Argentino (FOPEA) convida 25 jornalistas a recordar José Luis Cabezas com anedotas vividas com ele e reflexões sobre o que sua morte representa para o jornalismo argentino.

1) Gabriel Michi, amigo e companheiro de cobertura

25 anos desde aquele dia 25. Um quarto de século desde aquele dia sinistro em janeiro de 1997, quando nossa história mudou para sempre. A do meu colega e amigo José Luis Cabezas, meu cúmplice em tantas “aventuras” jornalísticas. A de sua família dilacerada. A de seus companheiros devastados. A de todo o jornalismo chocado. A de uma sociedade abalada. A de um país derrotado.

25 anos em que ocorreu na Argentina o pior ataque à liberdade de expressão desde o retorno da democracia. Um ataque que fingiu silêncio, mas que obteve o contrário. Tornou-se um grito ensurdecedor contra a barbárie, contra a injustiça, contra a corrupção, contra as máfias.

Aquelas máfias que buscavam continuar construindo o poder da impunidade. Mas eles não podiam. Porque José Luis, o mesmo que tentaram ausentar, estava mais presente do que nunca. Em cada um de seus colegas comprometidos, em cada bom cidadão, no olhar doloroso e exigente de sua família. Todos fomos, somos e seremos José Luis Cabezas. Porque sua ausência nos faz chorar. Mas eles, seus assassinos, estão sobrecarregados por sua presença. Cabezas, presente! Agora e sempre!

2) Alejandra Daiha, diretora da revista Noticias

Foi estranho para nós que dividimos a redação com ele, aceitar que José Luis, engraçado, grande pai e determinado a ser um grande fotógrafo, se tornasse uma bandeira. Aquele retrato em preto e branco dele que deu a volta ao mundo não deveria ser mais do que uma foto de passaporte, mas virou uma bandeira e congelou no tempo. Para o resto de nós, que conseguimos envelhecer, seu crime nos deixou com a tristeza de saber que o jornalismo também se paga com a vida em uma democracia. Cabezas não era um kamikaze. Ele deveria ter completado 60 anos há alguns meses. Eu o imagino da mesma forma. Subindo em mesas, cadeiras e escadas para conseguir aquelas fotos de cima que eram sua marca registrada. Não te esquecemos, "chabón".

3) Pablo Sirvén, atual secretário de redação do jornal La Nación; na época, editor geral da revista Noticias

Saco de carvão em cima da caixa de frutas vazia. Foi assim que José Luis Cabezas me ensinou a fazer churrasco em um dos dois verões que dividimos uma temporada em Pinamar fazendo anotações para a revista Noticias. Ele cantou "Dame un limón" bem alto, da banda Divididos, que tocava o tempo todo no carro em que nos deslocávamos entre florestas e mares.

Engraçado, reclamão, hiperprofissional, ele buscou a melhor luz no primeiro e no último sol do dia para conseguir suas fotos incríveis. Ele estava ciente dos perigos aos quais estava se expondo, mas seu dedo estalando era sempre mais forte.

4) Jorge Fontevecchia, presidente e CEO do Grupo Perfil

No resto da América Latina, o assassinato de jornalistas é uma prática que ainda não foi banida. A reação da sociedade argentina à morte de José Luis Cabezas ensinou aos bárbaros que assassinar um jornalista acaba tendo consequências piores para eles. A impunidade que ainda se mantém em outros crimes tornou-se impossível no assassinato de um jornalista devido à enorme visibilidade que o ato teria. José Luis Cabezas, com a sua vida, salvou a de muitos jornalistas durante o último quarto de século. E continuará a fazê-lo.

5) Paula Moreno Roman, presidente da FOPEA

Um ano após a morte de José Luis Cabezas, a cidade de Esquel inaugurou uma das primeiras esculturas que o país teve, homenageando nosso querido colega e clamando pela busca da verdade e da justiça.

Gabriel Michi, María Cristina Robledo e Daniel Das Neves (UTPBA) compartilharam um momento emocionante de união em torno daquele monumento localizado em frente ao prédio do Tribunal de Esquel com os olhos de José Luis esculpidos na pedra e seu olhar profundo fixo no símbolo da justiça.

Cabezas não é, não foi e não será “um caso”. É a luta constante contra o esquecimento e a impunidade que conseguiu unir a comunidade jornalística na Argentina. Deste canto do país, a cada 25 de janeiro, voltam a gritar “Cabezas, Presente”.

A foto que custou a José Luis Cabezas sua vida: a do rosto de Alfredo Yabrán. Crédito: reprodução

A foto que custou a José Luis Cabezas sua vida: a do rosto de Alfredo Yabrán. Crédito: reprodução

 

 

6) Edi Zunino, liderou a equipe da revista Noticias que investigou seu assassinato

Sempre resisti em transformar José Luis Cabezas em bandeira, primeiro porque era uma pessoa comum; segundo, porque tinha sido um colega de trabalho com quem valia a pena partilhar horas e horas de criatividade (as minhas viagens de trabalho mais inesquecíveis ao exterior foram “em casal” com ele); e terceiro, talvez, por supor que transferi-lo para o reino do simbólico tiraria substância de minha própria vida. Claro que, 25 anos depois de ter 30 e poucos anos, viveu-se o suficiente para assumir a dimensão da época histórica em que viveu. A minha é a da guerra das Malvinas, a recuperação democrática e o homicídio de Cabezas. Ainda não sei muito bem o que tudo isso significa junto, mas também sou feito desses materiais e isso, em grande parte, sou. Cabezas está na minha forma de entender a Argentina e o jornalismo. Todos os dias. Sem falta. É uma marca de sobrevivência. O efeito de flash de um farol. Uma tatuagem moral.

7) Guillermo Cantón, amigo e colega de trabalho

Caro José Luis: Parece que tem muita gente querendo saber de você, eu diria que todo mundo me pergunta. Eu sei que não vai te incomodar, porque nós confiamos um no outro e, convenhamos, você adora. Hoje, para você se sentir orgulhoso, todo mundo fala de você. Digo-lhes que era bom com os seus filhos, mau com os maus, insubstituível com a Cristina, ingênuo com os olhos, franco no riso, incansável com a câmara, transparente no coração, curioso de ofício, grande amigo e fraterno comigo. Para os esquecidos usamos uma fita preta em sua memória. Eu não estou de luto. Eu tenho uma risada extra sua. Obrigado por tudo e até a próxima.

8) Norma Morandini, jornalista e escritora. Na época, era correspondente da revista espanhola Cambio 16 e do jornal brasileiro O Globo

No dia em que José Luis Cabezas foi assassinado, uma amiga brasileira, Claudia Merian, casada com o então adido cultural da Embaixada da França, que foi quem apresentou José Luis como fotógrafo da embaixada, me ligou para me contar que a fotografia em que somos vistos juntos foi tirada por Cabezas. Fui procurar a fotografia e fiquei chocada porque o vidro do porta-retrato estava quebrado ao meio. Então eu a deixei. Tenho a foto em local visível e cada vez que a olho, lembro-me do José Luis.

9) Santo Biasatti, jornalista da NET TV

Não se esqueça de José Luis Cabezas. Contra a impunidade sempre. A melhor homenagem que podemos prestar a ele é defender firmemente o princípio de exigir justiça. Não nos esquecemos de seus assassinos. Alguns vivem conosco. Não nos esquecemos dos que se calaram nem dos que desistiram de dar todo o seu apoio à família. Lembrar não é crime. Escondê-lo era e é miserável.

10) Italo Pisani, editor-chefe do Diario Río Negro

Os anticorpos deixados em todos nós pela contundente reação social ao brutal crime de José Luis Cabezas há 25 anos não podem - não devem - ter prazo de validade. Essa tragédia deu uma reviravolta em nossa história: desmascarou as máfias do poder, a desprezível polícia e a impunidade. Também fechou as brechas entre os trabalhadores da imprensa e o jornalismo profissional valorizado que busca a verdade a qualquer custo. Nunca baixamos a bandeira inspirados no grito dos pais de José Luis: "Não esqueçam Cabezas".

11) Fanny Mandelbaum, jornalista da Rádio Conexión Abierta

Era janeiro de 1997. Estava passando o verão em Punta del Este e soube do assassinato de José Luis. Ligam-me do canal para me dizer que me mandaram uma câmera porque o então presidente Carlos Menem vinha apresentar um livro de Emilio Perina e dar uma coletiva de imprensa. Enquanto isso, Osvaldo Menendez, colega da Rádio Mitre que cobria a temporada, me disse que seria bom que todos os jornalistas usassem fita preta para expressar nossa dor. Eu disse a ele que era uma ideia maravilhosa. Compramos fitas, alfinetes. Eu os cortei e montei os laços pretos.

Um dos chefes de notícias da Telefe me disse para não fazer perguntas inapropriadas. Respondi que não havia perguntas inconvenientes. Se eu não pudesse perguntar o que eu queria, eu não ia perguntar nada, e foi assim. Eu disse isso aos meus colegas, disse para eles perguntarem. Eu só coloquei o microfone, mas todos nós fomos com a fita preta.

12) Fernando J. Ruiz. Professor de Jornalismo e Democracia na Universidade Austral. Ex-presidente da FOPEA (2019 – 2021)

Os olhos de Cabezas questionam o jornalismo, e o olhar não prende. Os jornalistas que marcharam juntos em 1997 estão desunidos. A discussão sobre onde está o poder a ser confrontado e onde está a verdade confundiu as bússolas. Esse bloco profissional uniforme é hoje uma comunidade quebrada e fraca, quase sem referências. Não é diferente do que aconteceu outras vezes na história e em muitos outros países, mas esse ciclo de ruptura foi longo demais. José Luis e Gabriel Michi fizeram jornalismo, não política partidária. A isso devemos voltar. Conhecemos os riscos, mas a democracia exige.

13) Diego Pietrafesa, Telefe Noticias, Secretário de Direitos Humanos do Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (SIPREBA)

Olhar e contar.

Você, com seus olhos em oferta.

Você, contra o conveniente e o cômodo.

Você, contra os donos de tudo.

Você, com o mais humano dos épicos: faça o que puder, como e onde puder, mas nunca menos.

Você, para fotos contra o falso glamour e outras vaidades de ouropel.

Você, emprego da vida cotidiana, lampejo de dignidade na precariedade profissional, salarial, laboral e moral.

Você, companheiro.

Os trabalhadores da imprensa seguem seus passos.

José Luis Cabezas, Presente!

14) Lorena Maciel, jornalista do Todo Noticias

O crime de José Luis Cabezas marcou um antes e um depois na minha vida e, sem dúvida, na minha carreira profissional. Eu mal tinha passado dos 20 anos e a Rádio Mitre confiou em mim na hora de me colocar à frente da cobertura do caso. Eu me ofereci, obviamente, não queria perder nada.

Tal crime não entrava na minha cabeça, não parava de aparecer em minha mente o rosto de Candela, de 6 meses, de sua esposa Cristina, de seus outros dois filhos, também pequenos. O carro branco, Gabriel Michi inconsolável, a festa no Andreani, o porão, a bota queimada, a capa do Noticias, e Yabrán, claro, Yabrán andando de traje de banho e imortalizado por uma foto de Cabezas.

Não foi um ano, foram mais de 3 anos em que minha vida esteve intimamente ligada à investigação. Pedi no rádio para me especializar em questões judiciais e ser responsável pelo caso.

Graças à insistência do jornalismo e da sociedade em geral, a verdade ou quase toda a verdade foi alcançada, estou convencido de que há muitas coisas que nunca saberemos. Cabezas foi e é um emblema de até onde o jornalismo independente pode ir. Aquele que não responde a nenhum outro interesse que não seja o de informar com provas.

15) Oscar E. Balmaceda, jornalista e escritor

Estive em Dolores e arredores por 21 meses – de fevereiro de 1997 a novembro de 1998 – cobrindo a investigação do assassinato de José Luis Cabezas para o La Nación. Nesse período, conheci os últimos personagens do capítulo que encerra a saga criminosa que inclui os assassinatos de María Soledad Morales, em 1990, e do soldado Omar Carrasco, em 1994.

E o que fica na minha memória são algumas de suas frases: “Sou uma criminosa, mas não matei esse menino” (Margarita Di Tullio, vulgo “Pepita la Pistolera); "Atiraram-me um morto" (Eduardo Duhalde, governador de Buenos Aires); "Mataram Cabezas pelo trabalho que ele estava fazendo" (José Luis Macchi, juiz do caso).

José Luis Cabezas: assassinado há 25 anos depois de foto que irritou empresário acusado de corrupção. Foto: CEDOC

José Luis Cabezas: assassinado há 25 anos depois de foto que irritou empresário acusado de corrupção. Foto: CEDOC

 

 

16) Fabio Ariel Ladetto, jornalista do La Gaceta de Tucumán. Ex-presidente do FOPEA (2011 – 2015)

Onde estaria em 21 de dezembro de 2001, que olhar teria captado dos nove presidentes que ocuparam a Casa Rosada neste século, de que ângulo teria imortalizado a pandemia?

Uma ausência pode ser medida pelas lacunas que deixa, pelos momentos que não são compartilhados, pelas perguntas não respondidas...

Por isso, cada vez que se diz “José Luis Cabezas, presente”, trata-se de desafiar sua morte, repudiar seu crime e evitar o esquecimento.

17) Gabriela Carchak, jornalista do C5N

Não foi um assassinato. Foi a tentativa de amordaçar um jornalista, um meio de comunicação, um povo, um país. Mas os argentinos gritaram e gritaram alto. Tanto que aquele fotógrafo morto por fazer seu trabalho tornou-se símbolo da liberdade de expressão e da luta coletiva para mantê-la. O crime contra José Luis Cabezas marcou um antes e um depois não só na consciência do que significa jornalismo, mas também na confiança na punição, que, embora tardia, atinge aqueles que se julgam impunes e donos da vida alheia.

18) Emilia Delfino, jornalista da CNN en Español e elDiarioAR

A fotografia que José Luis Cabezas tirou do empresário Alfredo Yabrán em fevereiro de 1996, um ano antes de ser assassinado, a imagem pela qual foi assassinado, foi e é um ato perfeito de jornalismo investigativo: a exposição do poder real, dos poderosos ocultos, retratado, iluminado pelo olhar de um fotojornalista, a partir de uma investigação anterior que Cabezas realizou com a equipe da qual fazia parte. Como sua ação, Cabezas sempre estará presente, como a exigência de justiça de sua família e amigos.

19) Gustavo Carabajal, jornalista do La Nación

Nada foi igual na minha vida depois do assassinato de José Luis Cabezas. Por mais de um ano cobri o caso para o jornal La Nación e me lembro de uma imagem de sua filha mais nova, Candela. Ele tinha pouco mais de um ano e ouviu na televisão o grito de “Cabezas, presente” que ressoou em uma das marchas. Em sua inocência, ela olhou e ouviu com espanto, como emergia da tela, com energia, o pedido por justiça para seu pai.

20) Liliana Caruso, jornalista de Polícia e Judiciário na América News e A24

O assassinato de José Luis abalou sem distinção. Foi a morte brutal de um trabalhador, um simples fotógrafo que desmascarou o poder. E o caso mobilizou uma sociedade que soube da forma mais brutal sobre a atuação de quadrilhas mistas formadas por criminosos comuns e policiais. Sua morte ainda dói porque o sentimento permanece de que os assassinos pagaram pouco por ela. Meia justiça. Mas felizmente a memória permanece: como numa praça que leva o seu nome e os seus olhos eternos, aqueles que têm a capacidade de falar.

21) Hipólito Sanzone, cobriu o caso para o El Día de La Plata

O martírio de José Luis Cabezas transcendeu seu próprio horror, por tudo o que permitiu à sociedade ver que não tinha visto ou não queria ver. Antes desse fim havia uma trama de pressão, condicionamento e mensagens pesadas para outros jornalistas de outros veículos e em circunstâncias diferentes e nem sempre pelos mesmos atores. A morte de Cabezas permitiu ver que nem tudo naquela Argentina era a "alegria" da pizza e do champanhe. Pessoalmente, me envolvi por causa da cobertura que me foi atribuída pelo jornal El Día de La Plata em um trabalho que durou muitos meses, no qual fiquei com a impressão de que ainda não haviam alcançado a verdade revelada. Que existem personagens ainda impunes e circunstâncias nunca devidamente esclarecidas. Pode-se pensar que tudo isso pouco importa diante da memória da única vítima e de seu sofrimento, mas também é possível que sua memória mereça aquela verdade revelada que, pessoalmente, continuo a considerar pouco esclarecedora.

22) Liliana Franco, jornalista da Ámbito Financiero

O assassinato de José Luis Cabezas foi um antes e um depois para o jornalismo local. Foi tomar consciência de que investigar e denunciar poderia custar a vida. Uma foto, prova de um bom trabalho jornalístico, foi o motivo pelo qual hoje temos que lembrar de José Luis.

Acredito que a melhor maneira para que a morte de José Luis não tenha sido em vão é que nós, jornalistas, apoiemos o trabalho investigativo de nossos colegas, que reajamos coletivamente quando o poder tenta minar ou ignorá-los. Lembremos que mandaram matar José Luis por tirar uma foto, ou seja, fazer seu trabalho.

23) César Sánchez Bonifato, jornalista

O assassinato de José Luis Cabezas ocorreu quando Carlos Menem era presidente e nosso país foi vendido a interesses internacionais espúrios. A YPF e a Fabricaciones Militares foram liquidadas, os portos foram fechados, as ferrovias foram paralisadas, as "relações carnais" com os EUA foram mantidas, os navios argentinos foram enviados para participar da invasão estrangeira do Kuwait, negociaram com Kadhaff, do Líbano, a cidade cordobesa Río Terceiro explodiu, deixando muitos compatriotas mortos.

Nesse cenário, também havia empresas argentinas envolvidas em acordos escusos. Um consórcio administrado pelo empresário de Entre Ríos Alfredo Yabrán foi um dos beneficiários. O colega Cabezas o descobriu na costa atlântica e sua imagem se tornou pública. Pouco depois, foi assassinado.

Além disso, foi relatado que Yabrán "cometeu suicídio", mas seu corpo nunca foi mostrado.

O caudilho de La Rioja Menem acabou aliando-se aos Kirchner e ocupou uma cadeira no Senado até sua morte. “O Caso Cabezas” chocou o jornalismo argentino. Foi um episódio emblemático, nunca totalmente esclarecido pela Justiça.

24) Oscar Ángel Flores, jornalista da Radio Universidad de San Luis

Em San Luis, o caso do assassinato de José Luis Cabezas gerou comoção entre a equipe jornalística geral da província. Embora não tenha conhecido pessoalmente o colega fotojornalista, as publicações jornalísticas que se originaram naquele ano me permitiram conhecer o perfil de José Luis. A figura mais conhecida de nosso colega Gabriel Michi nos aproximou da história completa desse evento que chocou o país e expôs a rede mafiosa que existe no próprio poder da Argentina.

Assim, os jornalistas de Puntanos se organizaram e deixaram nosso reconhecimento a José Luis Cabezas estabelecido em um pequeno monumento no coração da capital. Atos também foram promovidos a cada ano sob o lema "Não esqueçamos Cabezas" para continuar buscando a Justiça contra aqueles que perseguem e colocam em risco os comunicadores que se expõem na busca da verdade.

25) Alicia Miller, jornalista e membro do Conselho de Administração do FOPEA

"Um golpe invisível e homicida". Miguel Hernández descreveu assim o choque diante de uma morte de enorme significado. Senti o mesmo pelo assassinato de José Luis Cabezas, que poderia ter sido um de meus colegas próximos ou eu. Da pior maneira, aprendi que coragem não é uma opção, mas uma obrigação. E que a proteção constitucional do jornalismo na salvaguarda dos direitos dos cidadãos de nada serve sem uma democracia baseada no respeito por quem pensa diferente, sem um consenso de tolerância especial para com o que nos opõe, contradiz ou aponta.

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