O Brasil é onde uma crescente aversão às notícias é pior: 54% dos brasileiros evitam as notícias, bem acima da média mundial de 38%. Na Argentina, 46% dizem hoje evitar conteúdos jornalísticos. Os outros países da região pesquisados foram Chile (38%), Colômbia (38%), México (37%) e Peru (37%).
Jornalistas, editores e acadêmicos do Brasil, Índia, Estados Unidos e Reino Unido identificaram que um dos grandes fatores que corrói a confiança nas notícias é a forma como seu conteúdo funciona em plataformas sociais e de mensagens como Facebook, Google e WhatsApp, sobre as quais eles não têm controle, segundo estudo do Reuters Institute for the Study of Journalism.
Embora o potencial da IA seja amplo, e a região esteja ávida por conhecimento sobre o assunto, sua implementação é escassa, diz relatório do Centro Latinoamericano de Investigación Periodística (CLIP), International Media Support (IMS) e The Fix
Para o relatório “Situação do Jornalismo Local na Argentina”, a Fopea entrevistou 2.464 meios de comunicação e 13.597 jornalistas das 23 províncias do país e do distrito federal, a Cidade Autônoma de Buenos Aires.
O relatório do Reuters Institute for the Study of Journalism sobre a confiança das pessoas nas notícias coletou dados em quatro países: Brasil, Índia, Reino Unido, e EUA.
Os pesquisadores observaram 80 sites de notícias de 20 países da América Latina e identificaram três que se destacaram ao tornar a audiência uma peça ativa na construção da notícia: os nativos digitais GK (Equador), The Intercept (Brasil) e RED/ACCIÓN (Argentina). De acordo com a pesquisa, publicada no Brazil Journalism Research, o modelo de negócio dos três veículos, baseado na receita direta da audiência, cria mais espaços de colaboração com o público.
O diagnóstico é do pesquisador brasileiro Giuliander Carpes, doutorando em ciências da comunicação e informação na Universidade Toulouse III, que acaba de publicar um estudo sobre o assunto
Segundo a professora de jornalismo Summer Harlow, da University of Houston, a pesquisa sugere uma nova compreensão do conceito de objetividade, como algo que não se opõe ou impede o jornalista de defender causas ou participar de protestos.
Globalmente, a confiança nas notícias cresceu 6 pontos percentuais e atingiu 44%, segundo o Digital News Report 2021, do Instituto Reuters. Nos seis países da América Latina investigados, no entanto, a confiança geral nas notícias é menor e atinge uma média de 40,5%. Na região, a confiança é menor na Argentina e no Chile (36%) e maior no Brasil (54%).
Seis milhões e 600 mil argentinos, equivalente a 16,7% da população, vivem em localidades onde não há nenhum veículo independente de imprensa, ou seja, em desertos de notícias, segundo estudo da Fopea.