A diversificação das fontes de financiamento e a participação ativa do Estado são elementos fundamentais para garantir a viabilidade econômica dos veículos de comunicação. Especialistas reunidos durante painel no Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) defenderam uma mudança de paradigma em favor de uma diversificação de fontes de arrecadação.
No Brasil, onde 43,2% da população se identifica como branca e 55,7% como negra, as redações são compostas por 77% de funcionários brancos. Pesquisa constatou os efeitos da falta de diversidade na produção de notícias e nos próprios jornalistas.
Em 2022, as duas cooperativas de jornalistas brasileiros mais antigas ainda em atividade completam 15 anos de atividades ininterruptas: a Tribuna Independente e o Portal Desacato. Os feitos, dignos de celebração, ocorrem com uma dose diária de resiliência e esforço financeiro dos jornalistas que encontraram na autogestão uma solução para sobreviver no mercado.
Segunda rede social mais popular para o consumo de jornalismo no Brasil, o WhatsApp se tornou foco da estratégia de distribuição de veículos nativos digitais do Brasil, que enxergam uma oportunidade para estabelecer uma conexão direta com o público sem depender do algoritmo de outras plataformas.
O assédio online a jornalistas no Brasil se intensificou nos últimos anos devido ao potencial de exposição criado pelas redes sociais e à institucionalização desses ataques. As investidas do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas naturalizaram esse tipo de violência nas plataformas, e quem deveria dar respaldo a profissionais peca pela falta de responsabilização, revela estudo sobre violência contra jornalistas nas redes sociais.
A pesquisa “Perfil do Jornalista Brasileiro 2021” ouviu cerca de 7 mil jornalistas entre agosto e outubro do ano passado para traçar um retrato atual do profissional de jornalismo no Brasil. O relatório final da pesquisa aponta transformações e continuidades no cenário jornalístico no país em relação à primeira edição da pesquisa, realizada em 2012. Entre elas, o avanço da precarização da profissão nos últimos dez anos, evidenciado por baixos salários, longas jornadas de trabalho e aumento das formas precárias de vínculo empregatício.
O movimento para dar mais enfoque e ampliar a visibilidade das questões LGBTI+ é importante, mas são necessários cuidados para não reproduzir desinformação ou estigmatizar grupos que foram historicamente vulnerabilizados e silenciados. Camilla Figueiredo, cofundadora da organização independente e sem fins lucrativos Agência Diadorim, no Brasil, fala sobre as melhores práticas na produção de conteúdos e na busca por fontes especializadas sobre a temática.
Os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira atraíram a atenção nacional e internacional para a região amazônica onde se encontram as fronteiras entre Brasil, Peru e Colômbia. Do lado brasileiro, a ausência do Estado e a forte presença do crime organizado inibem comunicadores locais de reportar sobre atividades ilegais.
O jornalista brasileiro Rubens Valente participou na seção “5 perguntas” da LatAm Journalism Review (LJR). Na entrevista, ele fala sobre a condenação que o obriga a pagar BRL 319 mil a um ministro do Supremo Tribunal Federal. “Houve um efeito que provocou a pior censura de todas: a autocensura,” disse Valente.
Os meios digitais brasileiros AzMina e Núcleo têm desenvolvido nos últimos meses o projeto Amplifica, uma ferramenta para acompanhar os debates de suas leitoras e leitores no Twitter e promover conversas entre o público e os meios na rede social. A ideia é que, ao conhecer melhor seu público e saber quais são seus interesses, os meios possam se aproximar de seus leitores e potencializar o impacto do jornalismo que produzem. Eles também pretendem disponibilizar a ferramenta para que seja usada por outras organizações interessadas em se conectar com seu público.
A LatAm Journalism Review ouviu amigos, colegas de trabalho e familiares do jornalista brasileiro Tim Lopes, assassinado em 2 de junho de 2002. O caso provocou mudanças profundas nas empresas jornalísticas, com a implementação de medidas de segurança e a redução da cobertura em áreas de risco. No entanto, jornalistas brasileiros se sentem tão ou mais vulneráveis hoje quanto há 20 anos atrás.
A pandemia de COVID-19 evidenciou uma crise silenciosa entre jornalistas: a deterioração da saúde mental destes profissionais, constatada por várias pesquisas realizadas por organizações ao redor do mundo nos últimos dois anos. Na América Latina, iniciativas em curso buscam avaliar a saúde mental de jornaistas e ajudá-los a cultivar o bem-estar emocional em um contexto adverso que, além da pandemia, conta com desinformação generalizada e violência e hostilidade contra os profissionais.