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Canal colombiano transmite vídeo de jornalistas equatorianos sequestrados perto da fronteira do país com a Colômbia

Dois jornalistas do jornal equatoriano El Comercio e seu motorista, que as autoridades dizem terem sido sequestrados por grupos dissidentes das FARC em 26 de março, apareceram vivos em um vídeo transmitido pela emissora colombiana RCN. O sequestro ocorreu perto de um posto de controle militar em Mataje, na província equatoriana de Esmeraldas, fronteira com a Colômbia, segundo o El Comercio.

O vídeo, no qual três homens estão de braços dados e atados por correntes com cadeados como no período das FARC, foi transmitido na madrugada do dia 3 de abril, durante o noticiário do canal colombiano RCN, reportou o site do canal.

"Senhor Presidente Lenin, nossas vidas estão em suas mãos", disse um dos jornalistas sequestrados, Javier Ortega (31), dirigindo-se ao presidente equatoriano para informá-lo das condições exigidas por seus captores. "Eles só querem a troca de seus três detidos no Equador para que nossas vidas, nossas três vidas, sigam seguras no Equador, e também o cancelamento do acordo entre Equador e Colômbia para acabar com o terrorismo", informou El Comercio.

O fotógrafo Paúl Rivas (45)  e o motorista Efraín Segarra (60) são os outros dois profissionais da imprensa que foram sequestrados.

Em um comunicado oficial, o governo do Equador rejeitou fortemente a midiatização do vídeo pelo canal colombiano, por expor seus cidadãos, publicou RCN. Em sua nota, o governo novamente instou a mídia nacional a usar as informações de maneira responsável "para que não prejudique os membros da família nem afete a investigação de forma alguma".

O pai de Ortega disse ter ficado revoltado e triste ao ver seu filho acorrentado no vídeo, publicou Noticias RCN. Os familiares dos homens sequestrados pediram às autoridades que o caso não seja esquecido e disseram que estavam "impacientes para receber mais informações", informou a EFE.

O diretor da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) na América Latina, Emmanuel Colombié, disse à NTN24 que o "silêncio" do governo equatoriano não contribuiu para acelerar a negociação da libertação dos homens. "Com a divulgação do vídeo como prova de vida, vimos que, ao contrário do que foi levantado pelas autoridades equatorianas, as condições não são boas, nem estáveis, ​​e ferem a dignidade humana", disse Colombié.

O comandante-chefe das forças militares da Colômbia, general Alberto José Mejía, declarou em 28 de março que o grupo responsável pelo sequestro poderia ser o grupo "Óliver Sinisterra", segundo informou o site peruano El Comercio. Este grupo guerrilheiro que fazia parte das FARC é supostamente liderado por Walter Artízala, vulgo "Guacho", um jovem de menos de 25 anos especializado em explosivos e tráfico de drogas. Ainda não há confirmação de que os três sequestrados tenham sido transferidos para o território colombiano, de acordo com El Comercio.

Noticias RCN publicou outras fragmentos do vídeo em suas redes sociais, nos quais jornalistas também informaram que os guerrilheiros ameaçaram continuar seus ataques militares contra civis e soldados em território equatoriano se o governo de Moreno não anular o acordo de combate ao terrorismo que fez com a Colômbia, reportou El Comercio.

Após o sequestro, um grupo de 500 jornalistas equatorianos e colombianos exigiu que os governos dos dois países resolvessem esse conflito juntos, porque esse ato de violência é uma consequência "da desmobilização das FARC", publicou a Fundamedios.

Desde o sequestro, várias organizações internacionais aderiram à solicitação de que os governos do Equador e da Colômbia trabalhem juntos para conseguir a libertação do grupo. Segundo a organização equatoriana Fundamedios, outros 70 jornalistas, acadêmicos, ativistas e organizações que defendem a liberdade de expressão encaminharam essa comunicação ao presidente do Equador e a seu equivalente colombiano, Juan Manuel Santos.

O diretor da Fundamedios, César Ricaurte, disse à NTN24 que esse grupo de dissidentes das FARC "evidentemente opera da Colômbia". Portanto, disse ele, os governos do Equador e da Colômbia devem enfrentar o problema de segurança que afeta ambos os países e isso "tem que ser respondido pelos dois governos".

O Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressou sua solidariedade e extrema preocupação com o sequestro de jornalistas equatorianos e do motorista. Também lembrou que é obrigação dos Estados fornecer proteção a jornalistas e outras pessoas que exercem seu direito à liberdade de expressão e que são vulneráveis ​​a ataques em áreas de conflito.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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