O desenho é capaz de transmitir a atmosfera de um momento, recriar uma cena no passado, exprimir sensações e pensamentos dentro da cabeça de uma pessoa.
Tudo isso pode torná-lo uma ferramenta a serviço do jornalismo: as imagens desenhadas ou pintadas podem às vezes resumir de formas claras e expressivas aspectos da realidade que o texto sozinho, a fotografia, o vídeo, os infográficos e o som podem ter dificuldades para traduzir.
Ainda assim, embora histórias em quadrinhos há muito sejam consideradas uma forma madura de arte, a produção de conteúdo jornalístico segue minoritária em relação a outros formatos.
Um livro recém-lançado no Brasil busca contribuir para mudar esse cenário, ao explicar passo a passo como produzir uma reportagem em quadrinhos, desde a definição da pauta, até o processo específico de apuração para essa linguagem, até a roteirização e edição.
Disponível desde o final do ano passado, lançado no Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) em julho e prestes a ganhar uma edição na Alemanha, o "Pequeno manual da reportagem em quadrinhos" (Arquipélago Editorial), do jornalista e pesquisador porto-alegrense Augusto Paim , compartilha recomendações e melhores práticas para quem quer produzir uma reportagem em quadrinhos, sejam jornalistas, desenhistas ou aspirantes a ambos.
"Quadrinhos são uma linguagem artística que pode ser usada para qualquer coisa”, disse Paim, ele próprio um produtor de HQs jornalísticas, à LatAm Journalism Review (LJR). “Inclusive, para histórias de super-herois e obras infantis. Mas também existe muita coisa que vai além disso"
O manual é um resultado indireto de seu doutorado na Universidade Bauhaus, na Alemanha, e deve ganhar uma versão no país europeu no futuro próximo.
Artigo por André Duchiade
Imagens: painéis de quadrinhos das obras O Assento Livre (Marlin van Soest), Juventude em Tempo de Crescer, Na Frente das Grades (Bea Davies) e Escondidos em Mitte (Alexandra Ruegler), com texto de Augusto Paim (Reprodução).