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Forças de segurança no México cometem a maioria das agressões contra a imprensa, diz relatório da Artigo 19

A maioria das agressões contra a imprensa no México provém das forças de segurança e as autoridades atuam como cúmplices do crime organizado ao deixar de investigar e castigar os ataques mais graves contra a liberdade de expressão, adiantaram vários veículos mexicanos sobre o relatório "Silêncio Forçado: o Estado, cúmplice da violência contra a imprensa no México", que será lançado pela organização Artigo 19 na terça-feira, 20 de março, na Cidade do México.

A organização Artigo 19 destaca que um a cada três abusos contra a imprensa foi causado pelos órgãos encarregados de resguardar a ordem pública, como a polícia estadual, federal, municipal e as forças armadas, explica o jornal El Mañana. O documento relata que as forças de segurança cometeram 131 dos 170 ataques contra jornalistas e meios de comunicação, entre 2009 e 2011, e que as principais vítimas das forças de segurança foram fotógrafos e cinegrafistas, com 72 casos, segundo o mesmo jornal.

Por outro lado, uma a cada sete agressões contra a imprensa foi atribuída ao crime organizado, embora estas tenham sido as violações mais graves como 12 dos 27 assassinatos de jornalistas, dois dos quatro casos de desaparição forçada e 24 ataques armados ou com explosivos contra meios de comunicação (a maioria ocorreu nos estados nortenhos de Coahuila, Nuevo León e Tamaulipas), de acordo com os jornais Vanguardia e El Mañana.

O relatório também denuncia que as autoridades denigrem a imagem de jornalistas associando-os ao crime organizado ou atribuindo a violência a um crime passional. Além disso, a Promotoria para a Atenção a Delitos Cometidos contra a Liberdade de Expressão tem sido ineficaz em seus seis anos de atuação, com apenas 27 ações penais propostas e uma só sentença condenatória, segundo o Vanguardia.

99% dos casos apresentados não foram resolvidos, denunciou o jornalista Ricardo Raphael, subdiretor de opinião do jornal El Universal. Segundo suas investigações, há cinco anos a Promotoria Especial contava com um orçamento de dois milhões de pesos (US$158 mil) e para o ano em curso conta com um quarto deste valor. “Por que a redução se os problemas não param de crescer?”, escreveu em sua coluna nesta segunda-feira, 19 de março.

O México é considerado o país mais perigoso do mundo para exercer o jornalismo e os ataques contra a imprensa aumentaram desde que o presidente Felipe Calderón iniciou uma guerra contra o crime organizado, no final de 2006. Veja este mapa do Centro Knight sobre os ataques contra jornalistas e meios de comunicação no México.