By Norma Garza
Após o fechamento de vários veículos, centenas de profissionais e estudantes de jornalismo realizaram em 28 de janeiro uma marcha na capital da Venezuela para exigir do governo a venda de divisas para a compra de papel-jornal e fizeram um chamada para ocupar as ruas de Caracas até conseguir que o governo resolva a situação, informou o El Nacional.
Segundo a Associated Press, vários jornais regionais como El Sol de Maturín, Antorcha, Caribe, La Hora e Versión Final deixaram de circular no ano passado, enquanto que outros poderiam fechar este mês.
A crise já começa a impactar alguns dos jornais nacionais. Miguel Henrique Otero, presidente e editor do diário El Nacional -- um dos maiores da Venezuela -- disse à AP que só dispõe de reservas de papel até fevereiro.
O Colegio Nacional de Periodistas (CNP) declarou que a impossibilidade de contar com o papel põe em xeque o direito à informação, “o que é extremamente perigoso para a democracia e para o exercício das liberdades; mas também ameaça a sobrevivência de famílias inteiras cujo sustento vem da cadeia de produção e comercialização de cerca de 70 rotativos que existem no país e que, em maior ou menor medida, se encontram em estado de alarme”.
De acordo com o CNP, 30 mil famílias de trabalhadores da imprensa poderiam ser afetadas pela crise.
O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) disse que os protestos continuarão até receber uma solução das autoridades. Diretores do SNTP já estão em negociações com o Centro Nacional de Comércio Exterior, que se comprometeu a responder a suas queixas em poucos dias, segundo o SDP Noticias.
Além disso, informou Caracol Radio, a Comissão de Poder Popular e Meios de Comunicação da Assembleia Nacional recebeu em 29 de janeiro os representantes dos sindicatos de mídia impressa para discutir como acelerar o processo para adquirir divisas, embora a oposição tenha denunciado que os meios mais críticos ao governo não foram convidados para a reunião.
Em 2012, o papel-jornal, que não é produzido na Venezuela, ingressou na lista de produtos que devem ser importados com divisas outorgadas pelo Estado. Os jornais do país começaram a sofrer desde então, já que se tornou difícil obter as divisas e, por consequência, o papel.
A crise atraiu críticas de várias organizações internacionais contra o governo venezuelano, o qual acusam de manejar o sistema de controle de câmbios para afetar intencionalmente seus críticos.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.