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Assembleia Geral da SIP vê período “funesto” para a imprensa interamericana em 2019

A 75a Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) concluiu que os últimos seis meses foram um período “particularmente funesto” para a imprensa na região, divulgou a entidade em 7 de outubro.

Isso devido a assassinatos de jornalistas, além de agressões a profissionais da comunicação e restrições à liberdade de expressão e aos direitos humanos em vários países, segundo afirmou a SIP nas conclusões de seu evento anual, realizado este ano em Miami, nos Estados Unidos.

A entidade registrou 13 assassinatos de jornalistas desde o último mês de abril: sete no México, dois no Brasil, dois na Colômbia, um no Haiti e um em Honduras. “Um semestre particularmente funesto, que evidencia um aumento no nível de agressões e ameaças”, afirmou a SIP.

Também observou que em Cuba, México, Nicarágua e Venezuela se registram “as maiores agressões e violações à liberdade de imprensa e de expressão”. “Cada vez são mais comuns os ataques físicos contra jornalistas exercendo sua função, passando pela apreensão de equipes e material de imprensa, até prisões não justificadas”, afirmou a SIP.

A entidade destacou que, em Cuba, “a condenação e a prisão para jornalistas voltam a ser uma realidade”, ao citar o caso de Roberto de Jesús Quiñones Haces. O jornalista cubano começou em setembro a cumprir pena de um ano de prisão pelos crimes de resistência e desobediência. A SIP também afirmou que mais de 20 sites foram bloqueados na ilha e o governo proibiu que cerca de 20 jornalistas saíssem do país no último semestre.

Sobre a Nicarágua, a SIP disse que causou “indignação geral” o informe que deu conta de “meios confiscados, jornalistas perseguidos e outros ameaçados, além do bloqueio na alfândega de suprimentos para os jornais” no país. Mas destacou que, poucas horas após a chegada de uma missão da entidade à Nicarágua, os jornalistas Lucía Pineda e Miguel Mora foram libertados após passarem seis meses na prisão. “A união de todos os meios demonstrou que, unidos, podemos fazer a diferença”, segundo afirmou a presidenta da SIP, María Elvira Domínguez.

A organização também observou que em Brasil, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, México e Nicarágua “se agrava a estigmatização de meios e jornalistas”. Nestes países, “a desqualificação nasce dos próprios chefes de Estado e se massifica por meio das redes sociais”, disse a SIP.

A entidade considerou “lamentáveis notícias” vindas da Argentina o processo do jornalista Daniel Santoro, acusado de envolvimento em esquema de extorsão e espionagem, assim como outros três jornalistas. Segundo a SIP, “diversas organizações manifestaram sua preocupação pela decisão judicial que criminaliza o exercício do jornalismo e desconhece o princípio consagrado da proteção do sigilo das fontes”.

A organização também registrou tentativas de limitar o exercício do jornalismo por meio de “normas penais e processos milionários” contra meios e jornalistas na Colômbia, em El Salvador, no Panamá e no Peru. E observou que a liberdade de imprensa “continua em franca deterioração” na Venezuela, com o “bloqueio sistemático” de sites e “ameaças e agressões [que] criaram um ambiente de extrema precariedade para exercer a profissão”.

Premiação reconhece excelência jornalística

A 75a Assembleia Geral da SIP sediou a entrega dos Prêmios à Excelência Jornalística 2019, oferecidos pela entidade e patrocinados por algumas das 1.300 publicações que formam a organização.

A jornalista colombiana Jineth Bedoya Lima recebeu o Grande Prêmio à Liberdade de Imprensa, “por sua valentia, integridade, liderança e qualidade investigativa a favor da liberdade de imprensa e do direito ao público ser informado”, afirmou a SIP. “Em seu reconhecimento, a SIP ressalta o trabalho das mulheres jornalistas que se expõem a riscos, estigmatização e censuras.”

Bedoya Lima, que hoje é subeditora do jornal El Tiempo, empreende há 19 anos uma luta por justiça, após ter sido sequestrada, torturada e violentada sexualmente em retaliação ao seu trabalho, em maio de 2000. Ela fundou em 2009 a campanha #NoEsHoraDeCallar (“Não é hora de calar”) para incentivar que pessoas sobreviventes de violência sexual denunciem e busquem justiça, informou El Tiempo.

Em seu perfil no Twitter, a jornalista comentou ao receber o prêmio: “Uma noite muito especial, na qual ratifico que o jornalismo tem uma responsabilidade social; que somos capazes de transformar a vida de alguém com o que comunicamos e sempre deve ser algo positivo. Que a palavra, a imagem e a voz são magia…”

Além dela, foram reconhecidos por seu trabalho em diversos âmbitos profissionais da imprensa de Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, El Salvador, Equador, Estados Unidos, México, Nicarágua, Panamá, Peru e Venezuela. Veja abaixo a lista completa dos ganhadores dos prêmios SIP 2019:

Grande Prêmio à Liberdade de Imprensa:

Jineth Bedoya Lima, jornalista colombiana.

Caricaturas:

"Oficio de alto riesgo", El Imparcial de Oaxaca, México. Autor: Darío Castillejos.

Menção honrosa: "Donald Trump", El Economista, México. Autor: Salvador del Toro.

Notícias na internet:

"Cobertura en vivo: protestas en Nicaragua", La Prensa, Nicarágua. Autores: Dora Luz Romero, Moisés Martínez, Yubelka Mendoza, Isela Baltodano, Julio Estrada, Cindy Fuller, Mario Rueda, Engell Vega.

Cobertura noticiosa:

"Trama de corrupción", La Nación, Argentina. Autores: Diego H. Cabot, Candela Ini.

Menção honrosa: "Concesión irregular de contratos", La Prensa, Panamá. Autora: Mary Trini Zea.

Menção honrosa: "Los errores del papa Francisco", The Associated Press, Estados Unidos. Autores: Eva Vergara, N. Winfield.

Cobertura noticiosa mobile:

"Memorias del exilio: qué se llevan de recuerdo los que huyen a pie de Venezuela", La Nación, Argentina. Autores: Florencia Fernández Blanco, Nicolás Cassese, Mauro Rizzi, Pablo Loscri, Cristian Bertelegni, Gastón De la Llana.

Menção honrosa:  "Cobertura eleitoral", Aos Fatos, Brasil. Autores: Sérgio Spagnuolo, Tai Nalon, Bernardo Moura, Ana Rita Cunha, Bárbara Libório, Luiz Fernando Menezes, Alexandre Aragão, Judite Cypreste.

Crônica:

"Mi secuestro", Prodavinci, Venezuela. Autora: Luisa Paulina Salomón.

Menção honrosa: "Ver, oír y linchar en Chichicastenango", El Faro, El Salvador. Autor: Roberto Valencia.

Direitos humanos:

"Piaçaba: exploração no coração da Amazônia", Câmera Record-Record TV, Brasil. Autores: Sheila Manuela Martins Fernandes, Romeu Piccoli, Rodrigo Bettio, Marcio Strumiello, Gustavo Costa, Rafael Gomide, Natália Florentino, Rafael Ramos.

Menção honrosa: "Voces del Desamparo", El Pitazo, Runrunes y Tal Cual y otros, Venezuela. Autores: Yelitza Linares, Carolina Alvarado, Ana María Carrano, Yaya Andueza, Gabriela Goncalves, Isabela IIturriza, Juan Vicente Bruzual, Alan González, Nadeska Noriega, Johanna Osorio, Génesis Carrero, Armando Altuve, María Jesús Vallejo, Lorena Meléndez, Víctor Amaya, Giovanna Pellicani, Rossanna Batistelli, Irene Revilla, María Fernanda Rodríguez, Ruth Lara Castillo, Sheyla Urdaneta, Oriana Faoro, Alexander Olvera, Jesymar Añez, Liz Gascón, Keren Torres, Lorena Bornacelly, Marieva Fermín, Daniela Dávila, Elsy Torres, Antonio Ramón Hernández, Rayner Peña, Hirsaid Gómez, Jesús Hernández, Oscar Duque, Álvaro Hernández Angola, Carlos Landaeta, Cruz Alejandro Sojo, Elías Miranda, Nicolás Franco, Germán Dam.

Fotografia:

"Crisis política de Nicaragua", Confidencial, Nicarágua. Autor: Carlos Alberto Herrera González.

Menção honrosa: "Asalto al banco de Hermosillo", El Imparcial, México. Autora: Anahí Velásquez Valdez.

Infografia:

"Vida y obra: Boticelli, Van Goh, Hopper", El Mercurio, Chile. Autor: Juan Pablo Bravo.

Menção honrosa: "Tren del metro", El Telégrafo, Ecuador. Autor: Carlos Javier Almeida.

Opinião:

"Para o duplipensar brasileiro, Roger Waters é uma ameaça", M.O.V.I.N.[UP], Brasil. Autor: Maurício Angelo.

Menção honrosa: "Esto pasa todos los días", GK, Ecuador. Autora: Isabela Ponce.

Jornalismo de dados:

"La búsqueda de los desaparecidos", El Tiempo, Bogotá, Colômbia. Autores: Sara Castillejo, Ginna Morelo, Manuel Alzate.

Menção honrosa: "El poder en Cuba", Postdata.club, Cuba. Autores: Yudivián Almeida Cruz, Saimi Reyes Carmona, Ernesto A. Guerra Valdés.

Jornalismo de profundidade:

"Implant Files", Estados Unidos. Autores: Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) e outras publicações.

Menção honrosa: "DineroLeaks", Ojo Público, Peru. Autores: Oscar Castilla, Ernesto Cabral Mejía, Jonathan Castro C., Jason Martínez V..

Meio ambiente:

"O levante dos ribeirinhos", Metrópoles, Brasil. Autores: Eumano Silva, Lilian Tahan, Priscilla Borges, Maria Eugênia Moreira, Olívia Meireles, Eumano Silva, Denise Costa, Michael Melo, Gilberto Alves, Gui Prímola, Stela Woo, Cícero Lopes, Gabriel Pereira, Allan Rabelo, Saulo Marques, Vinícius Paixão.

Menção honrosa: "Informe Río Sonora: La omisión que quitó vida a miles", México. Autores: Priscila Cárdenas Sánchez, Proyecto Puente, Connectas y Aristegui Noticias.

Jornalismo universitário:

"Historias de Tierradentro", El Punto, Colômbia. Autores: Andrea Valentina Villamil, Nathaly Victoria Pabón Calderón, Carlos Andrés Lugo Berrio, Andrea Valentina Villamil Goenaga.

Menção honrosa: "Cuando los 25 del 350 fuimos uno solo", La Vida de Nos, Venezuela. Autora: Patricia Pilar Rodríguez.

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