O jornalista Manuel Torres González, de 45 anos, foi baleado na cabeça (quando estava de costas) em 14 de maio, depois de sair de um escritório estadual na cidade de Poza Rica, no norte de Veracruz, conforme relatado pelo Milenio, citando o procurador-geral de Veracruz.
Torres colaborava com o conselho da cidade de Poza Rica e era repórter e editor-chefe do site Noticias MT.
O site Animal Político destacou que a declaração do procurador-geral de Veracruz, que disse que o procurador da região norte de Poza Rica estava investigando o caso, não identificou Torres como um profissional de comunicação ou jornalista.
Em uma reportagem de 16 de maio sobre o funeral de Torres, o site Noreste publicou o seguinte: "Embora o Procurador-Geral do Estado tenha ignorado a profissão de Torres, colegas confirmaram sua atividade jornalística, exercida por mais de uma década. Seu trabalho foi reconhecido por todos, incluindo funcionários e ex-funcionários que estavam presentes [no funeral]". Ele era casado e deixou dois filhos.
O Noreste ainda informou que Torres também havia trabalhado como repórter e correspondente do próprio Noreste, TV Azteca, Tukulama, Agencia Imagen del Golfo, Diario de Poza Rica e El Mundo de Poza Rica - enquanto o site Milenio mencionou empresas como MN Nuestras Noticias, rádio digital e rádio Ver.
Em uma espécie de despedida para o ex-colega, o jornal escreveu: "Manuel Torres González foi enterrado no cemitério Holy Trinity, mas a sua memória permanecerá nos corações de seus entes queridos e seu legado jornalístico no reconhecimento de seus colegas, que exigem que a onda de violência cesse e o caso seja resolvido."
Muitos amigos e colegas postaram no perfil de Torres no Facebook, referindo-se a ele como um "repórter de destaque", "grande amigo" e "professor".
A Comissão Estadual de Atenção e Proteção a Jornalistas (CEAPP, na sigla em espanhol) condenou o assassinato. Martín de Jesús García, representante da comissão, disse que não havia um pedido de protecção para Torres, de acordo com Noreste.
No Twitter, a organização Artigo 19 México pediu que o procurador-geral de Veracruz "esgote, como principal linha de investigação, o fato de o trabalho jornalístico ter implicado no assassinato de Manuel Torres González."
A organização pró-liberdade de expressão reportou recentemente que, de janeiro a março de 2016, 69 ataques foram registrados contra a imprensa no país - sendo que a maioria (17) ocorreu em Veracruz. O grupo observou que este é parte de um padrão do Estado.
Vários veículos relataram que Torres é o 16º ou o 18º jornalista a ser morto no governo de Javier Duarte em Veracruz. Duarte e sua administração têm sido criticados por seu tratamento aos jornalistas e falhas percebidas ao protegê-los.
O governador assinou o "Sistema de Alerta Precoce de Veracruz" em 2 de novembro de 2015 para defender os jornalistas no estado, mas críticos alegaram que foi uma manobra destinada a publicidade.
Em seu relatório anual de 2015 sobre violação contra a imprensa no México, Artigo 19 disse: "Veracruz é a área geográfica no continente mais perigosa para jornalistas."
Após da morte de um jornalista em Veracruz em 2015, Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas para o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, disse, "as autoridades há muito tempo procuraram minimizar os riscos para os jornalistas em Veracruz."
Torres é o sexto jornalista assassinado este ano no México. O último assassinato foi o de Francisco Pacheco Beltrán em 25 de abril, em Guerrero.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.