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Cancelamento de programa de TV gera debate sobre liberdade de expressão e propriedade dos meios de comunicação no Peru

Após uma série de demissões de jornalistas e acusações de censura durante a campanha eleitoral no Peru, o repentino cancelamento de um dos programas jornalísticos mais populares e de maior credibilidade do país gerou um debate sobre a liberdade de expressão e a influência da propriedade dos meios de comunicação sobre o direito à informação dos peruanos.

A direção da América Televisión anunciou, no dia 28 de junho, o cancelamento do "Prensa Libre", apresentado por Rosa María Palacios durante sete anos. O programa será substituído por transmissões de futebol, explicou o Terra.

Organizações de defesa da liberdade de expressão, jornalistas e políticos acreditam haver interesses ocultos na decisão da emissora e pediram à América Televisión explicações sobre o cancelamento do programa, que era rentável, segundo o jornalistas Gustavo Gorriti.

Segundo Gorriti, os representantes do grupo editorial El Comercio na direção da emissora votaram pelo cancelamento do programa, enquanto os representantes, minoritários, do grupo La República -outro influente jornal peruano - queriam que o "Prensa Libre" continuasse no ar.

O El Comercio, dono do jornal de mesmo nome, já havia se envolvido em uma polêmica semelhante em abril, por causa da demissão de dois jornalistas do Canal N, que também pertence ao grupo. Eles denunciaram pressões para apoiar um dos candidatos à Presidência.

Para Rosa María Palacios, sua saída tem razões políticas, explicou o Terra. "Evidentemente, o tipo de trabalho que faço não é do agrado de algumas pessoas", disse Palacios em entrevista ao La República.

Para o Los Andes, os canais de TV, antes de serem um negócio, "oferecem um serviço que é público" e, por isso, as ações de seus diretores "deveriam ser reguladas por uma autoridade pública, especialmente quando as decisões tomadas atentam contra a liberdade de expressão e o direito à informação".

Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS) defendeu o direito das empresas de se organizarem livremente e decidir sobre conteúdo que irão veicular, mas condenou represálias contra jornalistas que divulgam informações e opiniões de interesse público. "Acreditamos que a América Televisión, ao cancelar o programa de Palacios, fez uma represália a ela por ter mantido sua independência editorial durante as recentes eleições gerais", disse o IPYS.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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