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Associações jornalísticas condenam terceiro assassinato de jornalista em um início de ano desastroso para a imprensa no Brasil

Associações jornalísticas nacionais e internacionais emitiram notas de repúdio ao atentado que matou o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, conhecido como Paulo Rocaro, no início da madrugada desta segunda-feira, 13 de fevereiro , em Ponta Porã, fronteiriça com o Paraguai. Rocaro era editor-chefe do Jornal da Praça e do site Merco Sul News, onde frequentemente escrevia sobre política e tráfico de drogas.

As entidades destacaram o desastroso início de ano para a imprensa brasileira, com esta que já é a segunda morte de jornalista em menos de duas semanas e a terceira desde o início de 2012. Além de Rocaro, na última quinta-feira, 9 de fevereiro, o Mario Randolfo Marques Lopes foi executado na cidade de Barra do Piraí, no estado do Rio de Janeiro. Cerca de um mês antes, o repórter Laércio de Souza, que já vinha recebendo ameaças por telefone, foi morto a tiros.

De acordo com o International News Safety Institute (INSI), no ano passado, o Brasil foi o 8º país mais perigoso do mundo para jornalistas e ocupa a primeira posição no ranking de 2012, empatado com a Síria.

“A morte de Paulo Rocaro eleva a três o total de jornalistas assassinados no Brasil em 2012, embora a motivação profissional não pareça provável no assassinato, em 3 de janeiro, na Bahia, de Laércio de Souza. A violência registrada no começo desse ano confirma, infelizmente, uma tendência já assinalada na última classificação mundial da liberdade de imprensa publicada por Repórteres sem Fronteiras, na qual o Brasil surge na 99ª posição, após uma queda de 41 lugares. Haverá motivos para temer uma deriva à mexicana ou à colombiana?”, questionou Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

A organização francesa também citou episódios de ameaças, agressões e mesmo destruição de meios de comunicação, como os incêndios que destruíram a rádio comunitária Ibicoara FM, no interior da Bahia, e a sede do jornal Folha do Boqueirão, em Curitiba, as ameaças dirigidas ao jornalista político de Cuiabá Jorge Estevão e a violência e a censura sofridas pela imprensa durante a cobertura de Pinheirinho.

Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) pediu rigorosa apuração do crime e ressaltou o perigo da cobertura jornalística na fronteira Brasil-Paraguai, lembrando as ameaças de morte recentes feitas ao correspondente paraguaio Cándido Figueredo.

"Os assassinatos de dois jornalistas em tão curto espaço de tempo abateu a imprensa brasileira, e torna-se imperativo que as autoridades investiguem plenamente os crimes, determinem os motivos, e processem os responsáveis", disse Carlos Lauría, coordenador do programa das Américas do CPJ, em nota.

No Brasil, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também manifestaram preocupação e lamentaram a violência crescente. "Crimes que têm por objetivo calar um jornalista se configuram em grave atentado à liberdade de expressão e é preciso uma apuração ágil e rigorosa para que não fiquem impunes", observou a Abraji.