A organização Repórteres Sem Fronteira afirmou “com pesar e preocupação” o aumento das agressões a jornalistas na Argentina, assim como dos obstáculos à liberdade de informação, em especial em algumas localidades, segundo relatório publicado na sexta-feira, 30 de Novembro.
O relatório do RSF mostra a mudança ocorrida no país com relação à segurança e à liberdade de expressão durante o ano de 2012 e destaca a “falta da mobilização dos poderes públicos contra as agressões cometidas com grande frequência por políticos locais”. O RSF pediu o fim das agressões, assim como o fim da elevada atenção às atividades da imprensa, que resulta na difamação dos jornalistas que trabalham com determinadas linhas editoriais.
Um dos casos mais recentes foi a invasão da Rádio Horizonte a pedido do prefeito da cidade de Bariloche (no sul do país), Omar Goye, no último 23 de Novembro, segundo informou o site ADN. De manhã, sem aviso prévio, um oficial de justiça e o advogado do prefeito foram à emissora do jornalista Marcelo Parra e começaram a revistar os computadores em busca de declarações de Goye que pudessem ser utilizadas para prejudicar o seu “bom nome e honra”, relatou o site.
O fato foi repudiado pelo Fórum de Jornalismo Argentino (Fopea), que qualificou a situação como um claro ataque à liberdade de expressão, uma vez que a emissora foi obrigada a interromper a sua programação por duas horas. Segundo a Fopea, o prefeito Goye já havia atuado de forma similar contra outros meios de comunicação desta região. Em sua defesa, o prefeito declarou que “o direito de um termina quando começa o do outro e muita gente confunde e acredita que por estar em uma democracia pode se dizer qualquer coisa sobre qualquer um”, informou o site Rionegro.
No entanto, este é apenas um caso que a RSF apresenta em seu relatório. Como este, há também o caso do jornalista Daniel Polaczinski, que foi forçado a fechar seu programa de rádio depois de ameaças do presidente do conselho da região. E também os casos Fedorischak Mario, que foi violentamente atacado pela polícia local enquanto cobria a chegada de alguns detidos para a delegacia, e de Dib Nestor, que foi espancado durante a transmissão ao vivo dos protestos contra o governo da presidente Cristina Fernandez.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.