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Autoridades mexicanas prendem líder do narcotráfico em Chihuahua ligado ao assassinato de Miroslava Breach

Autoridades mexicanas prenderam Arturo Quintana, conhecido como “El 80”, suposto líder do narcotráfico no Estado de Chihuahua suspeito de ter ordenado o assassinato da jornalista Miroslava Breach em março de 2017, segundo o El País.

De acordo com comunicado da Secretaria de Governo do México (Segob), Quintana é “o principal gerador de violência no Estado de Chihuahua”, que fica na fronteira com os Estados Unidos. Investigações de autoridades mexicanas o apontam como responsável pelo tráfico de drogas do México aos EUA, e por isso “é uma das pessoas mais buscadas pelo Bureau Federal de Investigação do governo dos Estados Unidos, o FBI”.

O comunicado da Segob não menciona o assassinato de Breach. No entanto, conforme observado por El País, as autoridades encontraram um bilhete ao lado do corpo da jornalista supostamente assinado por “El 80”.

Breach investigava as ligações entre narcotraficantes e políticos mexicanos no Estado. Vinte dias antes de ser assassinada, ela havia publicado uma reportagem que denunciava como os dois partidos mais importantes do México, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido Ação Nacional (PAN), apresentaram candidatos ligados ao crime organizado para as prefeituras de vários municípios da região.

Ela afirmava que Silvia Mariscal Estada, sogra de Arturo Quintana, seria a candidata do PRI em Bachíniva, e apontava que ele já havia imposto a candidatura de Ramón Alonso Enríquez Mendoza em Namiquipa.

Breach foi morta com oito tiros dentro de seu carro em frente à sua casa em 23 de março de 2017. Além do bilhete encontrado ao lado de seu corpo, em abril de 2017 um segundo bilhete apontando a responsabilidade de Quintana no assassinato de Breach foi encontrado junto ao corpo de um homem assassinado, também em Chihuahua, informou El Diario. O bilhete dizia que o homem executado havia assassinado a jornalista a mando de “El 80”.

A Promotoria Geral do Estado (FGE, na sigla em espanhol) teria descartado os dois bilhetes como “distrações”, informou El Diario.

No fim de dezembro, autoridades mexicanas prenderam Juan Carlos Moreno Ochoa, conhecido como “El Larry”, ligado ao grupo criminoso Los Salazares, que atua na região e é associado ao Cartel de Sinaloa, segundo La Jornada. Moreno Ochoa foi acusado de homicídio doloso após o Ministério Público estabelecer que ele supervisionou o executor de Breach, Ramón Andrés Zavala Corral, que foi morto em dezembro supostamente pelo grupo criminoso Los Salazares, em Sonora, perto de Chínipas, informou Proceso.

Em sua reportagem sobre os candidatos do crime organizado, Breach afirmou que o candidato que iria se apresentar pelo PRI em Chínipas se tratava de Juan Miguel Salazar, sobrinho de Adán Salazar, líder do grupo Los Salazares. De acordo com Proceso, a publicação do artigo forçou o PRI a mudar seus pré-candidatos em Chínipas e Bachíniva.

No fim de abril, um juiz do Tribunal Superior de Justiça de Chihuahua determinou que a investigação sobre o assassinato da jornalista passasse da Promotoria Geral do Estado para a Procuradoria Geral da República (PGR), reportou Animal Político. O juiz decidiu com base na faculdade de atração da Promotoria Especial para a Atenção a Delitos Cometidos contra a Liberdade de Expressão (Feadle, na sigla em espanhol), órgão da PGR responsável por investigar delitos cometidos contra jornalistas ou cometidos em razão do exercício do direito à informação.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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