A sete meses da votação que definirá a presidência do país para os próximos seis anos, os ataques à imprensa têm se intensificado na Venezuela, denunciou a organização Repórteres Sem Fronteiras.
Na última terça-feira, 20 de março, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamou de "terrorismo midiático" as acusações dos opositores sobre uma contaminação massiva da água potável na região central do país e atribuiu o suposto factoide a uma tentativa de prejudicar sua imagem em ano eleitoral, segundo informações do Portal Terra e do site Notícias24.
"Não podemos ficar de braços cruzados diante de tais campanhas. Isso é terrorismo e não pode ser permitido", disse Chávez, durante uma reunião do Conselho de Ministros no Palácio de Miraflores. Ele também pediu para as autoridades investigarem os responsáveis pelas acusações de contaminação, de acordo com a Agência Ansa.
Após conversar com Chávez, a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, anunciou nesta quarta-feira, 21 de março, que pediu aos tribunais para obrigar os meios de comunicação a publicar um relatório técnico para sustentar as informações divulgadas sobre a contaminação da água, noticiou o site El Espectador. O Ministério Público também abriu uma investigação penal contra os veículos de comunicação que informaram sobre a contaminação.
Em meio aos preparativos para o início das campanhas presidenciais, casos de censura, violência e ameaças, promovidos por governistas e opositores, se multiplicam.
No dia 4 de março, uma equipe da Globovisión foi ameaçada de morte por partidários de Chávez durante a cobertura de uma comitiva do candidato de oposição, Henrique Caprilles. Uma semana depois, a mesma emissora, crítica à atual administração venezuelana, foi alvo de uma manifestação organizada por um coletivo armado pró-Chávez e acusada de financiar “grupos paramilitares" para criar uma “campanha de medo e desestabilização”. Mais recentemente, em 15 de março, quando transmitia uma entrevista ao vivo sobre a situação da água potável, um repórter do canal foi interrompido de forma violenta por membros de um conselho comunitário.
Jornalistas também são diretamente afetados pelo acirrado clima de disputa eleitoral. Em 8 de março, a jornalista Laure Nicotra denunciou o cancelamento arbitrário do programa de notícias que apresentava há cinco anos no Canal 7-Telellano após a venda de emissora de TV a chavistas. O locutor do programa "Ponto e vírgula", Adolfo Superlano, solicitou proteção ao Ministério Público por se sentir ameaçado e temer ser alvo de agressões físicas de funcionários públicos após denunciar casos de corrupção. A apresentadora do canal Órbita TV Sara Vargas García também foi vítima de ameaças, mas durante a transmissão ao vivo do seu programa.
De acordo com a RSF, os militantes de oposição colaboram para o ambiente de hostilidade atacando jornalistas e prejudicando o trabalho informativo de veículos oficiais.