O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) cobrou das autoridades brasileiras uma investigação "exaustiva" do assassinato de um apresentador de rádio no Amazonas, na cidade de Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.
Valderlei Canuto Leandro, de 32 anos, (também chamado de Wanderley) comandava o programa "Sinal Verde", transmitido pela rádio bilíngue Frontera, no lado peruano da fronteira, e, na noite de 1 de setembro, foi morto com oito tiros, disparados por dois homens em uma moto, explicou o portal Amazonas Em Tempo.
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) manifestou "receio de entraves à investigação" do crime. "A investigação parece paralisada", disse a organização em comunicado.
Isso porque, segundo o Blog Da Floresta, o radialista procurou o Ministério Público, em maio passado, para denunciar supostas ameaças recebidas do prefeito de Tabatinga, Saul Beneguy. "Não existem até ao momento provas do envolvimento deste último no caso, mas Repórteres sem Fronteiras receia o bloqueio na investigação que poderia ser causado por essa pista política", acrescentou a organização.
Ainda de acordo com o Blog Da Floresta, Leandro era conhecido por denunciar irregularidades na administração local e havia recebido várias ameaças.
Em protesto, moradores da cidade cobriram a boca com faixas pretas, como se fossem mordaças, acrescentou o A Crítica. A polícia disse ao CPJ que investiga a relação entre a atuação profissional e a morte do apresentador de rádio.
O CPJ ressaltou ainda o crescimento da violência contra jornalistas no Brasil. Apenas em 2011, outros quatro profissionais de imprensa foram mortos no país e um blogueiro sofreu uma tentativa de assassinato no Rio de Janeiro.