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Debatedores no ISOJ 2019 dizem que jornalistas devem trabalhar para superar a desconfiança do público na imprensa

É hora de a indústria do jornalismo se concentrar em desbancar a desconfiança na mídia, de acordo com debatedores do 20º Simpósio Internacional de Jornalismo Online.

(Erika Rich/Knight Center)

Durante o painel “A mídia pode realmente reconstruir a confiança junto ao público?” jornalistas e especialistas do setor descreveram os problemas que as redações estão enfrentando e compartilharam ideias sobre como superá-los.

A confiança na mídia caiu pela metade nos últimos 50 anos, disse Tom Rosenstiel, mediador do painel e diretor-executivo do American Press Institute.

Entre outras coisas, ele atribuiu essa queda ao desenvolvimento da tecnologia, que permitiu mais opções para o consumo de notícias. Além disso, Rosenstiel apontou a desregulamentação do rádio e da TV a cabo levando a programas de entrevistas mais partidários. As pessoas mais jovens, ele disse, relatam taxas mais altas de desconfiança na mídia porque foram criadas nesse ambiente.

"Essas são pessoas que cresceram no período de muita escolha e muita mídia partidária."

O jornalismo partidário velado como cobertura imparcial é uma das principais razões pela qual houve um declínio na confiança, disse Charlie Sykes, editor-chefe do The Bulwark. Ele acrescentou que é hora de os jornalistas começarem a se fazer perguntas difíceis e serem honestos sobre suas próprias inclinações.

"Você não acha que é tendencioso, peixes não acham que estão molhados", disse Sykes.

Publicar e promover vozes e opiniões diversas é fundamental para superar esse problema, disse Rob Bennett, editor-chefe e gerente geral de operações de conteúdo global da Microsoft News. Bennett disse que a Microsoft News se concentra em elevar o jornalismo bom e diversificado em vez de apenas compartilhar o que é popular ou está indo bem entre o público.

"Nós realmente abraçamos a amplitude e a profundidade do jornalismo", acrescentou.

Outra questão enfrentada pelo jornalismo é que as pessoas frequentemente confundem notícias e opinião, de acordo com Mizell Stewart III, diretor sênior de talentos, parcerias e estratégia de notícias da Gannett e da USA TODAY Network. Ele disse que isso é compreensível quando a programação de opinião ocupa mais tempo do que as notícias.

O público também está apreensivo com a indústria de notícias por causa de uma desconfiança geral com o governo, disse Stewart. Ele acrescentou que as pessoas estão mais propensas a desconfiar de instituições, como a mídia, quando acreditam que o governo não está atendendo às suas necessidades.

"A confiança na mídia e a confiança no governo estão interligadas", disse ele.

Stewart e outros membros do painel disseram que a "transparência radical" pode ser uma das maneiras de reconstruir o relacionamento com os leitores.

Mas é importante que a "transparência" seja interessante e não muito introspectiva, disse Joy Mayer, diretora da Trusting News. Por exemplo, ela disse que não é suficiente para os jornalistas apenas explicar aos leitores o processo de como eles conseguiram as entrevistas. Em vez disso, ela disse que é importante que as redações passem algum tempo pensando e formulando maneiras de explicar o processo jornalístico de uma forma envolvente.

As redações também precisam prestar mais atenção às reações de seu público, especialmente nas seções de comentários, disse ela. Entender as preocupações dos leitores é crucial para reconstruir a relação entre a mídia e o público, acrescentou.

"Passe tempo suficiente com seus críticos para entender por que eles desconfiam", disse Mayer.

A Trusting News oferece consultoria para jornalistas para ajudá-los a encontrar maneiras de reconstruir a relação entre o público e as redações. A organização também tem uma newsletter semanal com dicas sobre maneiras de aumentar a confiança.

A transmissão ao vivo do ISOJ em inglês e espanhol pode ser encontrada em isoj.org.

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