Os corpos de um jornalista e de um publicitário foram encontrados na quinta-feira, 1º de fevereiro, em uma plantação de cana de Santo Domingo Suchitepéquez, ao sudoeste da capital da Guatemala, informou o Ministério Público deste país.
Segundo o relatório de peritos do Ministério Público, os corpos de Laurent Ángel Castillo Cifuentes (28), repórter do jornal Nuestro Diario em Coatepeque, Quetzaltenango, e Luis Alfredo de León Miranda (30), publicitário da Radio Coaltepec, foram encontrados amarrados nos pés e nas mãos, com ferimentos de bala nas cabeças, publicou o Prensa Libre. O Ministério Público também informou que os dois teriam sido estrangulados.
Abner Guoz, chefe de redação do Nuestro Diario, confirmou que Castillo era repórter no jornal e instou as autoridades a encontrar os responsáveis para que se faça justiça, informou a Associated Press (AP).
Castillo, que também colaborava para uma revista cultural local, havia viajado a Mazatenango, Suchitepéquez, para cobrir um evento do carnaval da cidade. O repórter foi acompanhado de seu amigo Luis de León, com quem teria planejado fazer uma publicação sobre o carnaval, reportou o El País.
Prensa Libre reportou que um parente de Castillo disse que o jornalista havia recebido recentemente chamadas telefônicas de extorsionistas e que por essa razão havia mudado de número de celular. No entanto, El País informou que o pai de Castillo declarou a jornalistas locais que seu filho nunca recebeu ameaças de morte.
O Provedor de Direitos Humanos da Guatemala, Jordán Rodas, descreveu o assassinato dos comunicadores como um “ato desprezível”. Ao mesmo tempo que pediu às autoridades uma investigação rápida, Rodas exigiu que seja implementado o Protocolo de Proteção a Jornalistas.
A Unesco e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH, na sigla em espanhol), condenaram o assassinato dos comunicadores. “Nos unimos à dor de suas famílias, de suas comunidades, do sindicato de jornalistas e da sociedade guatematelca em geral", expressaram ambas as entidades.
Segundo a EFE, ambas entidades da ONU reforçaram o pedido do Provedor Rodas, de que se implemente em curto prazo o programa de proteção a jornalistas. O Estado da Guatemala se comprometeu em 2012 a criar um mecanismo de proteção para profissionais de comunicação por recomendação do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e de outros países, as quais foram formuladas durante a última Revisão Periódica Universal (RPU), em Genebra.
Dias atrás, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) lamentou as declarações do ex-presidente da Guatemala e atual prefeito da capital, Álvaro Arzú, que durante um evento instou as forças armadas “a passar por cima da cabeça dos meios de comunicação negativos”. Arzú responsabilizou a imprensa de difamar as autoridades e o país.
No último dia 13 de janeiro, o deputado governista Julio Antonio Juárez Ramírez foi detido por ser o suposto autor intelectual do assassinato de dois jornalistas em 2015. Danilo Zapón López, da Prensa Libre, e Federico Salazar, da Radio Nuevo Mundo, foram baleados por assassinos contratados, em frente ao município de Mazatenango em 10 de março de 2015.
Pelo menos 10 jornalistas foram assassinados nos últimos dez anos em Suchitepéquez, um foco do tráfico de drogas, publicou a AP.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.