Esta história foi atualizada para esclarecer sobre a detenção inicial de Fabio López Escobar inos Estados Unidos.
Quase 15 anos depois de o jornalista colombiano Orlando Sierra ter sido fatalmente ferido, um dos homens envolvidos no crime foi deportado para a Colômbia.
Agentes do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE da sigla em inglês) deportaram Fabio López Escobar em 30 de janeiro, de acordo com uma nota do ICE. No mesmo dia, a Polícia Nacional da Colômbia disse que havia recebido no aeroporto de Bogotá um homem com o codinome ‘rama seca’ (galho seco) contra quem havia “uma sentença de condenação como coautor dos fatos que acabaram com a vida do jornalista e subdiretor do jornal La Patria, Orlando Sierra”.
A Polícia Nacional da Colômbia disse que a INTERPOL Colômbia emitiu um aviso vermelho contra ‘rama seca’. Em 12 de julho de 2016, a INTERPOL dos Estados Unidos confirmou a realocação da pessoa por violar as leis de imigração. Segundo ICE, uma patrulha da fronteira prendeu López Escobar perto de Hidalgo, no Texas, no dia 7 de fevereiro de 2016, e o preso foi transferido para custódia do ICE.
López Escobar enfrentou um processo de imigração, que terminou no dia 7 de novembro e determinou a sua deportação para a Colômbia. A ordem foi efetivada no dia 30 de janeiro de 2017, segundo a Polícia Nacional da Colômbia.
López Escobar e outros homens foram condenados pelo assassinato de Sierra em junho de 2015.
O ex-legislador Francisco Ferney Tapasco foi condenado a 36 anos de prisão como mentor do assassinato. Os irmãos Fabio e Jorge Hernando López Escobar pegaram quase 29 anos por negociar com um grupo de matadores de aluguel.
A morte de Orlando Sierra foi um caso histórico na Colômbia já que foi a primeira vez que toda “a cadeia de criminosos” de um crime cometido contra um jornalista foi condenada pela justiça, desde os perpetradores até os mentores, segundo a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP).
Tapasco foi finalmente capturado em 1 de novembro de 2015. Jorge López Escobar não foi capturado.
Os advogados dos três homens recorreram na Corte Suprema de Justiça, que deve decidir nos próximos dias sobre o pedido, informou a FLIP.
Sierra, um jornalista conhecido por denunciar a corrupção política, foi ferido em 30 de janeiro de 2002 ao chegar ao trabalho junto com a sua filha no centro de Manizales, no oeste da Colômbia. Morreu dois dias depois.
Antes da sua morte, Sierra havia dito aos seus familiares que Tapasco seria o culpado se algo acontecesse com ele, pois o jornalista havia escrito várias colunas sobre casos de corrupção que envolviam o político, segundo El Espectador.
“A infâmia do seu assassinato obscureceu o espírito de uma geração de jornalistas que encontravam nele inspiração e por isso a justiça é um incentivo para os seus colegas, familiares e defensores da liberdade de expressão no país", afirmou a FLIP em uma nota de comemoração, publicada no dia do aniversário da morte de Sierra.
As seguintes pessoas também foram condenadas pelo caso: Luis Fernando Soto Zapata, Francisco Antonio Quintero Tabares e Luis Arley Orozco.
A FLIP disse que apesar das condenações nesse caso, “não esteve isento de irregularidades, atos negligentes e omissões”. Afirmou, por exemplo, que Tapasco foi inicialmente absolvido do homicídio em 24 de dezembro de 2013, quando os tribunais saíam de férias.
“Apesar dos obstáculos, o caso de Sierra é um exemplo de que na Colômbia é possível sim investigar e condenar os culpados. Mas a FLIP insiste, a justiça não deveria mancar tanto”, escreveu a organização.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.