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Ex-militar e candidato à prefeitura de Lima é absolvido em caso de assassinato de jornalista peruano em 1988

O ex-militar Daniel Urresti, que está concorrendo a prefeito de Lima nas eleições de 7 de outubro, foi absolvido como coautor do assassinato do jornalista Hugo Bustios em 1988.

Daniel Urresti (Galería del Ministerio de Defensa del Perú, CC BY 2.0.).

Em 4 de outubro, o Colegiado do Tribunal B da Câmara Criminal Nacional determinou em primeira instância que Urresti não estava envolvido no assassinato de Bustíos, que era correspondente em Ayacucho para a revista de jornalismo investigativo Caretas durante o auge do terrorismo do Sendero Luminoso no Peru, informou o jornal La República.

Tanto o Ministério Público quanto a defesa da família de Bustíos disseram à imprensa que vão apelar para que a sentença seja anulada, segundo o jornal.

Urresti foi acusado pelo MP pela primeira vez em 2013, anos depois que dois ex-militares condenados em 2007 pela morte de Bustíos disseram perante o tribunal que Urresti também estava presente na cena do crime, informou El Comercio. Posteriormente, a promotoria pediu que Urresti fosse acusado por supostamente dar a ordem de matar o jornalista.

Mas em 2017, no decorrer do julgamento do ex-militar, o promotor Luis Landa mudou as acusações contra Urresti. Ele foi acusado de ser o coautor do assassinato do jornalista, informou o La República.

De acordo com o La República, a promotoria mudou as acusações depois que o promotor conseguiu obter mais depoimentos de novas testemunhas e mais evidências do suposto envolvimento direto de Urresti no assassinato.

Em 1988, Urresti era o chefe de inteligência na base militar de Castropampa em Huanta, Ayacucho. No dia 24 de novembro daquele ano, Bustíos seguia em sua motocicleta acompanhado por seu colega Eduardo Rojas Arce para cobrir o assassinato de uma família perpetrado pelo Sendero Luminoso. No caminho, os dois jornalistas foram interceptados por uma patrulha do Exército que começou a disparar contra eles. Rojas Arce conseguiu escapar ferido, mas após os tiros, Bustíos foi atacado com explosivos.

Urresti, que também foi ministro do Interior durante o governo do presidente Ollanta Humala, disse depois de ouvir sua absolvição: "Estou pronto para ser o prefeito de Lima", informou a AFP. Urresti é um dos favoritos nas pesquisas de intenção de voto.

Sharemlí Bustíos, filha do jornalista assassinado, disse à RPP Noticias que a sentença foi uma vergonha. "Agora eu entendo porque eles colocaram [o julgamento] em 4 de outubro, antes da eleição. Eles estão usando o caso Bustíos como um porta-aviões político, lá está seu prefeito!", ela disse.

A filha do jornalista assassinado também disse à RPP Noticias que Urresti foi hostil a ela e a sua mãe durante todo o processo e manipulou testemunhas. “A performance dele neste julgamento foi evidente, é uma vergonha tudo isso. Quanto vale um juiz?”, questionou.

Se eleito prefeito da capital em 7 de outubro, Urresti teria que enfrentar mais dois julgamentos, informouo La República. Em uma delas, a promotoria o acusou em 30 de julho por crime contra a confiança pública, por supostamente apresentar uma falsa testemunha em sua defesa durante o julgamento pelo assassinato de Bustíos. E a segunda acusação é pelo estupro de Ysabel Rodríguez Chapana, uma mulher de Ayacucho que testemunhou o assassinato de Bustíos, que também denunciou durante o recente processo legal que Urresti a estuprou duas vezes.

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