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Fundação Gabo premia 30 anos de coragem e tenacidade do jornalista José Rubén Zamora com Reconhecimento à Excelência

O Reconhecimento à Excelência Jornalística outorgado pelo Prêmio Gabo será concedido este ano ao jornalista guatemalteco José Rubén Zamora Marroquín, fundador e editor do elPeriódico, que está preso há mais de 650 dias.

A Fundação anunciou o prêmio em 14 de maio e disse que seu Conselho Gestor escolheu Zamora “em virtude de suas mais de três décadas de trabalho profissional tenaz e corajoso” para expor a corrupção e as violações dos direitos humanos na Guatemala.

“José Rubén Zamora é o paradigma de um jornalista investigativo e possivelmente o símbolo máximo da luta contra a corrupção no jornalismo latino-americano. É difícil encontrar alguém nesta região que tenha denunciado mais casos de corrupção e que acabe na prisão ao lado daqueles que ele ajudou a enviar para lá por meio de suas pungentes investigações", disse o Conselho na ata que fundamenta as razões do reconhecimento.

José Rubén Zamora - Guatemala

José Rubén Zamora foi preso em 29 de julho de 2022, acusado de lavagem de dinheiro, chantagem e tráfico de influência. Desde então permanece na prisão. (Arquivo pessoal)

Zamora publicou mais de 200 investigações jornalísticas que revelaram um nível alarmante de corrupção na Guatemala durante o governo do ex-presidente Alejandro Giammattei, entre 2020 e 2024. Sua coluna humorística El Peladero, publicada semanalmente no elPeriódico, foi o lugar de muitas dessas revelações, de acordo com a ata do Conselho.

Esse trabalho jornalístico tocou o nervo do poder autoritário da Guatemala, desencadeando uma campanha de perseguição e assédio que terminou com a invasão da casa de Zamora e das instalações do elPeriódico e, por fim, com a prisão do jornalista em 29 de julho de 2022, sob a acusação de lavagem de dinheiro, extorsão e tráfico de influência, segundo a ata.

“À medida que a corrupção e os abusos aumentavam, crescia a animosidade contra Zamora e elPeriódico – e também contra outros jornalistas e meios de comunicação que ousavam desafiar o cerco com suas publicações. O bom jornalismo tornou-se uma ameaça e um inimigo do poder. E eles tentaram dar o exemplo punindo o jornalista que muitos tinham como referência: José Rubén Zamora", diz o relatório.

Zamora foi condenado a seis anos de prisão por lavagem de dinheiro após um julgamento que foi criticado por muitos por supostas violações de normas internacionais e regionais. Além disso, durante sua prisão, o jornalista sofreu tortura e isolamento, de acordo com seu filho, José Zamora, que, juntamente com outros membros de sua família, lidera a campanha pela libertação de seu pai.

A condenação de Zamora foi anulada quatro meses depois por um tribunal de recursos da Guatemala, que ordenou um novo julgamento. Entretanto, embora a nova administração do Presidente Bernardo Arévalo, que assumiu o poder em janeiro de 2024, tenha dado sinais de melhor tratamento à imprensa, o julgamento de Zamora continua parado.

O Conselho Gestor do Prêmio Gabo, composto por 13 jornalistas, escritores e acadêmicos, incluindo o diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, Rosental Alves, disse que os desafios que marcaram a trajetória de Zamora no contexto guatemalteco e centro-americano são prova de excelência na prática jornalística.

“Que maior sinal de excelência do que o de um jornalista que dedicou mais de 30 anos a investigar a corrupção em seu país com uma democracia à beira do abismo? (...) Que, apesar de ter sido forçado ao exílio e de ter sido avisado de que seu nome seria incluído em uma lista de pessoas a serem executadas, retorna ao seu país para continuar sua luta", disse a ata. “José Rubén Zamora é o paradigma de um jornalista investigativo e possivelmente o maior símbolo da luta contra a corrupção no jornalismo latino-americano.”

newspaper cover showing a person entering a labyrinth

elPeriódico, jornal que Zamora fundou em 1996, se viu forçado a fechar suas portas em maio de 2023, com seu diretor na prisão.

O Conselho Gestor disse que o reconhecimento de Zamora também é um apelo fervoroso para buscar novas formas de proteger a liberdade de imprensa e defender o bom jornalismo, “aquele bom jornalismo que é como oxigênio para os cidadãos e que Zamora representa emblematicamente”.

O Reconhecimento à Excelência Jornalística da Fundação Gabo se soma à lista de prêmios que Zamora recebeu por seu trabalho no jornalismo, incluindo o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa do Comitê para a Proteção de Jornalistas (1995), o Prêmio Maria Moors Cabot da Universidade de Columbia (1995) e o Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha (2021).

De acordo com o comunicado de imprensa da Fundação Gabo, a cada ano o Conselho Gestor escolhe um jornalista ou equipe jornalística que se destaca por sua independência, integridade e compromisso com os ideais de serviço público do jornalismo para receber o Reconhecimento à Excelência Jornalística.

Os jornalistas que receberam o reconhecimento desde sua criação em 2013 são Giannina Segnini (2013), Javier Darío Restrepo e Marcela Turati (2014), Dorrit Harazim (2015), a equipe do meio digital salvadorenho El Faro (2016), Jorge Ramos (2017), Ignacio Escolar (2018), Jesús Abad Colorado (2019), a equipe da Radio Cooperativa (2020), Pedro X. Molina (2021), Juan Villoro (2022) e Jennifer Ávila (2023).

 

Traduzido por Carolina de Assis
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