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Globovisión, emissora mais crítica ao governo venezuelano, deverá ser vendida após eleições presidenciais

Por Isabela Fraga

A diretoria da Globovisión, uma das emissoras de TV privadas mais críticas ao governo venezuelano, anunciou que o canal deverá ser vendido após as eleições presidenciais que acontecerão no próximo 14 de abril, informou o jornal El Universal.

Segundo Carlos Zuloaga, vice-presidente da emissora, o comprador deverá ser Juan Domingo Cordero, diretor da empresa Seguros La Vitalicia, que já ofereceu uma proposta, noticiou o site Ultimas Noticias. Em uma carta enviada aos funcionários da emissora sobre a venda, Zuolaga afirma:

“A situação política e a polarização tornaram os ataques à Globovisión cada vez mais fortes. No ano passado, tomei a decisão de fazer tudo o que estava a nosso alcance para que a oposição ganhasse as eleições [presidenciais] de outubro [...], mas a oposição perdeu. Somos inviáveis economicamente, porque nossos rendimentos não cobrem mais nossas necessidades de caixa. Somos inviáveis politicamente porque estamos em um país totalmente polarizado e do lado contrário de um governo poderoso que quer nos ver fracassar. Somos inviáveis juridicamente porque temos uma concessão prestes a terminar e não há disposição para renová-la.”

O vice-presidente referia-se à multa aplicada pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) em janeiro de 2012 de $5,6 milhões de dólares por uma polêmica cobertura de um conflito penitenciário.

Para o presidente da organização não-governamental Periodistas por la Verdad, Marco Hernández, é falsa a informação de que a Globovisión é inviável economicamente, noticiou o site da estatal Venezoelana de Comunicación (VTV). “Basta ver o faturamento publicitário da Globovisión, cujos rendimentos brutos foram de 120 milhões de bolívares há apenas dois anos, com um ganho líquido de 11 milhões de bolívares”. Segundo Hernández, os donos da emissora já antecipam a derrota nas próximas eleições presidenciais e sabem que sua concesão não será renovada por “seu comportamento violatório da ética, da verdade e das leis”.

Já o presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Jaime Montilla, lamentou a venda da emissora, que considerou um golpe à liberdade de expressão na América Latina, reportou a AFP. “Surpreendeu-nos essa decisão do acionista principal (Zuloaga) para vender o único canal verdadeiramente independente da Venezuela”, disse Montilla durante a reunião semestral da SIP realizada em Puebla, no México.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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