Os governos colombiano e equatoriano confirmaram que três corpos encontrados em Tumaco, na Colômbia, pertencem à equipe de reportagem do El Comercio que foi sequestrada em 26 de março enquanto fazia reportagens na região de fronteira.
O procurador-geral colombiano Néstor Humberto Martínez anunciou os resultados diante do Instituto de Medicina Forense de Cali, segundo El Comercio. Ele disse que familiares dos jornalistas foram informados da descoberta.
O Gabinete do Procurador-Geral disse em um comunicado que o Instituto identificou os restos mortais usando análises de vestimentas, registros dentários e comparações de DNA com parentes dos jornalistas.
Martínez disse que os responsáveis pelas mortes seriam identificados e que o crime não ficaria impune.
A Força Aérea do Equador levará os corpos de volta ao país em 27 de junho, segundo declarou José Valencia, ministro das Relações Exteriores e Mobilidade Humana do Equador, em uma entrevista coletiva.
"Recebemos essa confirmação com profunda dor e consternação por esse crime repugnante e, por essa razão, insistimos em nosso pedido de não esquecer, rejeitar a impunidade, rejeitar a repetição", disseram familiares em um comunicado publicado no Twitter. “Esse sequestro e assassinato não podem fazer parte de uma lista de normalidade, não podem ser naturalizados e a responsabilidade em todos os níveis deve ser estabelecida.”
O fotojornalista Paúl Rivas, o jornalista Javier Ortega e o motorista Efraín Segarra foram sequestrados perto de um posto de controle militar em Mataje, no Equador, perto da fronteira colombiana, em 26 de março.
Em 11 de abril, uma declaração supostamente assinada pela Frente Oliver Sinisterra, um grupo dissidente das FARC, anunciou suas mortes e culpou os governos do Equador e da Colômbia.
Familiares tentaram durante meses recuperar os corpos dos jornalistas, mas não conseguiram encontrá-los.
A descoberta de três corpos em Tumaco, na Colômbia, que poderiam pertencer aos jornalistas, foi noticiada em 21 de junho e confirmada pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, via Twitter.
O El Tiempo informou que unidades especializadas das Forças Armadas encontraram os corpos em valas em um campo minado em uma região de selva densa. Eles também citaram fontes dizendo que os corpos tinham roupas previamente usadas pelos jornalistas em um vídeo de prova de vida.
Nos últimos dias, após o anúncio do presidente Santos, familiares dos jornalistas criticaram o manejo de informações do governo colombiano sobre a descoberta dos corpos.
Eles destacaram o tuíte do presidente e outro do Ministério da Defesa, segundo o qual a análise dentária forneceu 99% de certeza sobre as identidades dos corpos dos jornalistas. Ambos os tuítes, disseram, serviram como sua notificação dos resultados.
Mais tarde, o diretor regional do Instituto disse que as informações publicadas pelo Ministério da Defesa não eram precisas e que ele precisou realizar uma análise adicional, conforme relatado pela Secretaria Nacional de Comunicação do Equador.
“Temos insistido desde o início deste pesadelo que é essencial que as famílias tenham acesso prioritário à informação, isso foi comunicado às autoridades colombianas e esse compromisso foi ignorado sem levar em conta o impacto que ele tem em nossa dor, nossas famílias e o direito à informação que corresponde à sociedade equatoriana ”, dizia uma declaração das famílias publicada em 22 de junho.
O governo equatoriano também enviou uma carta de protesto ao ministro colombiano de Relações Exteriores após o tuíte do Ministério da Defesa.
Após o anúncio oficial da análise forense em 25 de junho, o comunicado dos membros da família disse que Martínez assegurou que eles seriam diretamente informados sobre os avanços nas investigações.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) já havia montado anteriormente uma Equipe Especial de Monitoramento para investigar o sequestro dos jornalistas. O plano é começar as investigações na Colômbia em julho.