texas-moody

Guia prático de produção e distribuição de vídeo na internet para jornalistas

  • Por
  • 10 julho, 2017

Este artigo faz parte do livro “Jornalismo Inovador na América Latina,” publicado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, com o apoio do Programa de Jornalismo Independente da Fundação Open Society.

Por Jorge Villalpando Castrovideojornalista e produtor multimídia

O desenvolvimento de novas tecnologias oferece uma imensa oportunidade a jornalistas de informar de forma verídica e oportuna en diferentes formatos. Atualmente, podemos publicar um texto, uma fotografia, um vídeo ou transmitir ao vivo do local onde ocorrem os fatos. Neste caso, falaremos especificamente da produção e distribuição do vídeo através da internet e das diversas plataformas que existem, comumente chamadas de mídias sociais.

A internet nos oferece a oportunidade de competir com os grandes consórcios de comunicação e especialmente com a televisão. Devido a esse crescimiento e às oportunidades da web, os jornalistas têm se convertido em “todólogos” que podem publicar qualquer tipo de informação nos diferentes canais que temos à mão: uma transmissão ao vivo por meio do Facebook Live ou do Periscope; uma publicação no Twitter, uma foto no Instagram ou um vídeo em YouTube. Essas são as formas mais comuns e usadas pelos meios de comunicação atualmente.

Este pequeno guia fala das ferramentas necessárias, conselhos básicos de produção e plataformas de distribuição e monetização. Trata-se simplesmente de um ponto de partida e está pensado para oferecer à sua equipe os passos básicos iniciais para uma maior incorporação do vídeo a seu trabalho jornalistico habitual.

NOSSAS NECESSIDADES

Quais ferramentas precisamos para produzir nossos vídeos?

No mercado, temos centenas de opções de câmeras de vídeo (amadoras, semiprofissionais e profissionais). Praticamente todos os smartphones possuem câmeras para gravar com uma boa resolução, e também há câmeras fotográficas que contam com a opção de gravar vídeos. Também existem câmeras especializadas à prova d’água, com estabilizadores de imagem ou até drones. Assim, a oferta é muito ampla.

É importante definir com a empresa com quais ferramentas poderemos contar para realizar nosso trabalho. A partir disso, devemos definir:

  • Que tipo de formato vamos utilizar?
  • Em quais situações vamos gravar? (Estúdio, exteriores, etc.)
  • Quanto tempo vai durar a gravação?
  • Onde vamos armazenar a gravação (memory cards, HDs externos, etc.)
  • Quanto dinheiro se planeja investir no equipamento?

Uma vez definidos estes pontos, em um equipamento de gravação de vídeo devemos considerar o seguinte:

  • Entrada de microfone externo.
  • Estabilizador de imagem.
  • Bom sistema de foco automático e videomonitoramento.
  • Gravação em Full HD (minha opinião pessoal é que é desnecessário, por hora, contar com uma equipamento que grave em 4K).
  • Câmera de vídeo ou câmera de fotografia com funções de vídeo? A câmera de vídeo é projetada para gravar vídeo, mas a grande maioria não oferece uma qualidade muito alta; por outro lado, as câmeras semiprofissionais ou profissionais têm funções que melhoram a qualidade de imagem mas são muito caras. Algumas câmeras fotográficas reflex e EVIL (com objetivos intercambiáveis) podem oferecer qualidade de imagem e uma série de recursos artísticos à altura das câmeras de vídeo avançadas, ainda que não tenham a ergonomia e a facilidade das câmeras de vídeos.
  • Tela flexível (ou a possibilidade de conectar um dispositivo móvel à câmera por Wi-Fi para visualizar o enquadramento e controlar a gravação).
  • Manipulação do ISO para melhorar a imagem em situações de pouca luz.

ABORDAGEM DE TEMAS / REALIZAÇÃO

Uma vez que sabemos com qual equipamento contamos, podemos entrar na parte do planejamento e realização do nosso tema. Aqui devemos perguntar:

  • Qual é nosso tema?
  • Nosso meio é o indicado para difundir com eficiência e clareza nosso tema?
  • Qual a mensagem principal ao divulgar este vídeo?
  • Temos contexto do nosso tema? Como vamos apresentá-lo?

Uma vez que já tenhamos planejado nosso tema, que decidimos nosso storytelling e resolvemos o que vamos contar, é importante nos perguntarmos sobre nossas necessidades para poder realizar o trabalho (transporte, viagens, segurança, como vamos nos movimentar, etc).

No jornalismo, se utilizam diferentes formatos de vídeo:

  • Vídeo-nota: A duração é variável, mas pode ser curta (de 30 segundos em diante). Aborda um acontecimento da atualidade, inédito, verídico e de interesse público.
  • Vídeorreportagem: Uma reportagem é uma investigação em profundidade que se realiza sobre uma pessoa, um acontecimento ou um tema. Pode ser da atualidade ou não. Nela, se combina a investigação com observações pessoais. A notícia é muito mais concisa que a videorreportagem, que é mais livre e não tem uma estrutura tão rígida.
  • Entrevista: Gênero que nos permite uma aproximação maior de um personagem interessante, relevante, famoso ou especialista em algum tema.
  • Minidocumentário/ Documentário: Produto audiovisual que se distingue por ser um registro da realidade e contar com um alto grau de objetividade ou realismo.

COISAS A SE LEMBRAR

Em relação à produção de vídeo, é importante assinalar que ainda que não sejamos “especialistas” nos aspectos técnicos, temos que considerar os seguintes assuntos:

  • Um bom enquadramento da imagem.
  • Manter a estabilidade do nosso vídeo: que a captura não saia tão mexida, que nossa imagem mostre o que queremos, evitando fatores que possam distrair a atenção do espectador.
  • Contar com um microfone ou um gravador de áudio alternativo para registrar bem o som. Também, contar com uma lâmpada com bateria (sem importar o tamanho), um monopé ou tripé.
  • Em caso de utilização de dispositivos móveis, sempre será melhor gravar de forma horizontal. O vídeo vertical “corta” muito a informação que podemos oferecer aos espectadores do nosso vídeo.
  • Ao gravar depoimentos, o mais importante é obter uma qualidade de áudio decente para que nossos espectadores possam entendê-los.
  • Em espaços com pouca iluminação, devemos encontrar a forma de obter uma imagem melhor com luz para mostrarmos o que queremos.

Estar atrás da notícia não quer dizer que vamos esquecer de proteger nossa integridade física. Este é o ponto mais importante. NÃO somos “superheróis” e qualquer notícia não é mais importante que nossa vida.

PUBLICAÇÃO: ONDE E COMO?

Já temos nossa história em vídeo gravada, editada e pronta para publicar. E agora, o que fazemos?

Temos diferentes públicos para informar de maneira instantânea por meio das mídias sociais: o Twitter é para um público muito distinto do Facebook ou do Instagram. O YouTube nos dá uma saída alternativa ao Periscope ou ao Facebook Live.

Portanto, é importante definir o público que queremos atingir.

Geralmente, temos duas opções:

  • Hosting
  • Streaming

Existem tanto plataformas gratuitas como pagas para o “hosting.” A mais conhecida, e mais utilizada, é o YouTube, que nos permite publicar de forma simples nossos vídeos, que podem ser compartilhados por meio de um link ou inseridos em uma nota (com o código ‘embed’). A desvantagem é a constante publicidade antes ou durante a reprodução.

Também existe a plataforma Vimeo, que oferece uma categoria “profissional” paga onde se podem publicar vídeos. Diferentemente do YouTube, esta plataforma tem maior aceitação entre profissionais ou artistas. Aqui, são oferecidas estatísticas detalhadas e reproduções personalizadas. Nesta plataforma não existe publicidade, e também se trata de uma ferramenta muito simples e útil.

E o que é o streaming? São as plataformas que permitem transmitir ao vivo. Aqui, as imagens são “brutas”, e não existe uma edição prévia. As mais conhecidas são Facebook Live e Periscope, mas também existem o Ustream ou o LiveStream, que são gratuitas mas oferecem uma opção “profissional”, paga.

COMO MEDIR O SUCESSO

As plataformas de “hosting” oferecem dados estatísticos de como estão vendo nossos vídeos: elas permitem conhecer quantas visualizações têm nossos materiais e pode-se fazer uma segmentação muito geral por sexo, faixa etária e localização.

As plataformas de vídeo ao vivo também oferecem dados estatísticos dos materiais publicados. Especificamente o Facebook gera um relatório a cada vídeo de quantos usuários consumiram nosso conteúdo, o tempo que permaneceram na página e outras estatísticas úteis.

COMO GERAR RENDA

As plataformas que existem não oferecem muitas opções para gerar renda. No YouTube, se seus vídeos são frequentemente assistidos, a mesma plataforma te monitora, “estuda” seu canal e eventualmente pode te convidar para ser um “partner”, o que significa que seus vídeos podem ser monetizados. Mas essa é uma decisão do YouTube.

Nas plataformas de “streaming” não existe a opção de poder monetizar seus vídeos (Periscope ou Facebook Live).


Outros guias na série incluem:

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes