texas-moody

Jornalista chileno que passou oito anos preso depõe como vítima de tortura da ditadura paraguaia

O jornalista e fotógrafo chileno Rafael Mella Latorre testemunhou recentemente perante a Justiça do Paraguai como vítima no processo penal por torturas perpetradas pelo governo durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1980-1989), informou a EFE.

A promotora Liliana Zayas solicitou a declaração de Mella Latorre, por ter passado oito anos preso nos calabouços da ditadura stronista. Antes de dar sua declaração, ele foi examinado por um médico forense do Poder Judiciário. Uma psicóloga do Centro de Atenção a Vítimas da Ditadura esteve presente durante os procedimentos, informou um comunicado do Ministério Público.

Em 30 de outubro de 1980, Mella Latorre foi preso em sua casa com sua esposa por policiais paraguaios à paisana. O jornal paraguaio La Tribuna, para o qual Mella Latorre trabalhava na época, havia designado o jornalista para a cobertura do atentado contra o ex-ditador da Nicarágua Anastasio Somoza em 17 de setembro de 1980, em Assunção.

A polícia o deteve arbitrariamente acusando-o de participar do ataque que matou Somoza. "Eles [a polícia] nunca quiseram saber nada, a única coisa que eles queriam e de que precisavam era ter uma pessoa a quem culpar e apresentar como membro desse comando terrorista que assassinou Anastasio Somoza. Fui um bode expiatório", disse Mella Latorre há alguns anos em uma entrevista realizada pela EcoCultura, um canal de televisão comunitária do Paraguai.

O fotojornalista chileno ficou preso até 1989, quando Stroessner foi deposto. Dias depois de sua libertação, ele foi expulso de volta para o Chile. De acordo com a promotoria paraguaia, durante seu período de prisão ele foi torturado psicológica e fisicamente.

Durante o regime de Stroessner, foram registrados os assassinatos ou desaparecimentos de 425 pessoas e a prisão de 20 mil pessoas. Estas últimas foram vítimas de tortura física e psicológica, segundo a Comissão da Verdade e da Justiça do Paraguai, relatou ABC Color.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes