Atualização (26 de janeiro de 2015): O corpo do jornalista José Moisés Sánchez Cerezo foi encontrado na madrugada de 24 de janeiro, segundo informou a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) do Estado de Veracruz, no México. O jornalista estava desaparecido desde 2 de janeiro, quando desconhecidos fortemente armados o sequestraram em sua casa em Medellín de Bravo.
De acordo com as autoridades, a investigação do caso levou à captura de Clemente Noé Rodríguez Martínez, membro de uma gangue dedicada à venda de droga nesse município e ex-integrante da extinta Polícia intermunicipal, que confessou ter participação no crime, ocorrido no mesmo 2 de janeiro, com a participação de outras cinco pessoas.
Em sua confissão, Rodríguez Martínez assegurou que o assassinato do comunicador foi realizado por ordem do subdiretor da Polícia Municipal de Medellín e outros subordinados do prefeito do municipio, Omar Cruz Reyes.
A ordem de assassinato foi dada como consequência do trabalho jornalístico de Sánchez, que cobria o tema da venda de drogas no município.
Nota original:O prefeito de Medellín de Bravo, no leste do Mexico, compareceu ao Ministério Público de Veracruz nesta segunda-feira para responder questões referentes ao sequestro de um jornalista local, no dia 2 de janeiro, que segue desaparecido.
A organização defensora da imprensa Artigo 19 relatou ter recebido informação anônima que “a atividade jornalística e ativista de [Moisés] Sánchez Cerezo irritou o prefeito de Medellín de Bravo, e ‘três dias antes do desaparecimento do jornalista, uma fonte confiável contou que o prefeito Omar Cruz Reyes tinha a intenção de silenciá-lo e lhe ensinar uma lição.’”
O gabinete do procurador-geral, que convidou Cruz Reyes para responder perguntas sobre o caso, disse que o prefeito tinha mostrado vontade de participar no inquérito.
Segundo um comunicado do escritório: "Ele declarou publicamente sua vontade de colaborar nas investigações e este é o momento em que ele será capaz de oferecer a informação ao seu alcance; nós respeitamos a lei e convidamo-lo a dar o seu testemunho, dado o estatuto privilegiado de que goza como Gerente de Cidade ".
Vizinhos disseram a parentes de Sánchez Cerezo que eles viram três veículos cheios de homens armados chegar na casa do jornalista em Medellín de Bravo em torno 19h30 de 2 de janeiro, de acordo com a AGN Veracruz. Os homens levaram Sánchez Cerezo, junto com um computador, câmera e vários telefones celulares.
Sánchez Cerezo era dono, diretor e editor do jornal La Union em Medellín de Bravo. Agências de notícias e organizações de defesa informaram que a publicação era crítica ao governo local e informava sobre violência na região.
Desde o desaparecimento, o escritório do Procurador Geral de Veracruz deteve policiais municipais de Medellín para interrogatório. The Guardian relatou que toda a força policial, 36 agentes, foi detida.
Em 5 de janeiro, um corpo foi achado na área de Soledad de Doblado. AGN Veracruz afirmou que o filho de Sánchez Cerezo não reconheceu o corpo como sendo de seu pai
Jornalistas se reuniram na capital de Veracruz, Xalapa, em 5 de janeiro, para pedir intervenção federal no caso, e, novamente, em 9 de janeiro, para pedir ao Gabinete do Procurador-Geral informação relacionada com a investigação. Protestos pelo jornalista também foram realizados em outras cidades mexicanas, incluindo a capital.
Parentes de Sánchez Cerezo, ativistas e meios de comunicação locais têm criticado a busca de Sánchez Cerezo e a investigação do caso.
A família do jornalista protestou fora do World Trade Center de Boca del Río em 7 de janeiro enquanto o presidente mexicano Enrique Peña Nieto visitava a área. Eles pediram ao presidente para intervir no caso.
No editorial “Moisés: Uma vítima do Estado”, Silvia Núñez Hernández detalha interações entre o membros da família do jornalista desaparecido e oficiais do governo que tentavam conter manifestações durante a visita do presidente.
A colunista da AGN Veracruz também escreveu que o governador de Veracruz Javier Duarte de Ochoa comentou tardiamente o sequestro e usou um tom de "zombaria e desdém" para minimizar o ato, referindo-se ao jornalista como um "motorista de táxi e ativista de bairro".
CPJ registra que desde 2011 ao menos três, mas potencialmente nove, jornalistas foram mortos em Veracruz por causa de seu trabalho e outros três estão desaparecidos.
México foi um dos países mais letais para jornalistas em 2014, segundo um relatório anual do CPJ. Também está em 7º no ranking da organização de Impunidade Global em casos de assassinatos de jornalistas.
Outras organizações também manisfestaram preocupação com a continuidade da violência contra profissionais de mídia na região.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.