Emilio Gutiérrez, um jornalista mexicano que busca asilo nos Estados Unidos após fugir da violência ligada ao narcotráfico no Norte de seu país, pediu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) que investigue e se pronuncie sobre a incapacidade do Estado mexicano de proteger os jornalistas ameaçados por militares, em meio à guerra contra os traficantes deflagrada pelo presidente Felipe Calderón em 2006, informou o El Diario de El Paso, Texas.
Trata-se do primeiro pedido do tipo feito por um jornalista mexicano no exílio. O objetivo é abrir caminho para a aprovação do asilo de Gutiérrez nos Estados Unidos, explicou a Associated Press.
O jornalista explicou ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas que, embora seu pedido à CIDH certamente contribuirá para a aprovação do asilo, o objetivo também é buscar justiça "para milhares de mexicanos que se encontram em situação semelhante, mas vivem à sombra e com medo nos Estados Unidos".
Segundo dados do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados citados pela Univisión, entre 2006 e 2010 cerca de 40 mil mexicanos solicitaram asilo no exterior por medo de voltar ao país, sendo 3 mil só nos Estados Unidos, em 2010, acrescentou o Infobae.
O jornalista acusou Calderón de ter "declarado uma 'guerra' sem protocolo algum para sua execução, a qual terminou em um extermínio ... e por isso (ele) deve ser levado a uma corte internacional por crimes contra a humanidade", afirmou.
Embora seu pedido de asilo político esteja em análise desde janeiro, as autoridades americanas adiaram a decisão para maio de 2012.
No pedido, os advogados de Gutiérrez argumentam que o Estado mexicano não deu a devida proteção ao jornalista, ameaçado por militares após a publicação de matérias sobre abusos de soldados em vários povoados na fronteira com os EUA, durante a guerra contra o tráfico.
Gutiérrez trabalhou como repórter durante mais de 25 anos no estado de Chihuahua e cruzou o Rio Bravo com o filho, em junho de 2008, após ser informado, por uma fonte de sua confiança, de que sua morte havia sido encomendada.
Ele não foi o único a cruzar a fronteira em busca de segurança e pedir asilo: Ricardo Chávez e Alejandro Hernández também aguardam uma decisão das autoridades americanas.
Recentemente, três jornalistas foram assassinados em um único mês no México. Alguns profissionais marcharam para pedir justiça, enquanto outros abandonaram de vez o país.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.