texas-moody

Jornalista traça perfil de organizações criminosas contemporâneas e seus lideres na América Latina

  • Por
  • 13 abril, 2016

Por Giovana Sanchez

Ao percorrer a América Latina cobrindo crime organizado, o jornalista britânico Ioan Grillo identificou paralelos no modo de operação das grandes organizações criminosas - sejam elas do Rio de Janeiro, do México ou da Jamaica.

"Elas são complexas redes pos-modernas que misturam gangues, máfias, esquadrões da morte, cultos religiosos e guerrilhas urbanas", escreveu Grillo em seu novo livro, "Gangster Warlords: Drug Dollars, Killing Fields and the New Politics of Latin America", lançado recentemente nos Estados Unidos. 

Para tentar compreender melhor essas organizações "híbridas", Grillo se infiltrou em quatro famílias do crime: Comando Vermelho no Brasil, Shower Posse na Jamaica, Mara Salvatrucha na América Central e o Knights Templar no México. 

O resultado é um livro que dá um uma visão regional da questão que atinge muitos países latino-americanos.

Grillo visitou a Universidade do Texas em Austin em 13 de abril para falar com estudantes sobre seu novo livro. Ele foi convidado pelo departamento de Latin American Studies e a Benson Collection, na universidade.

"Há algumas pessoas especializadas em México ou no Rio de Janeiro ou especificamente na Jamaica, e é possível ver várias ligações comuns entre o crime organizado [dessas regiões]", disse Grillo em entrevista ao Centro Knight de Jornalismo para as Américas.

Esse é o segundo livro de Grillo - o primeiro, "El Narco", aborda a ascensão dos cartéis mexicanos na década de 2000.

O jornalista contou que durante o processo de escrita do livro sofreu ameaças e passou por situações difíceis. "O fato de mudar de lugar é obviamente uma vantagem. Muitas vezes os jornalistas que são alvos do crime organizado na America Latina [...] é algo acumulativo. Eles ficam no radar de pessoas e viram alvos. Então quando você está em uma situação ruim e sai, isso ajuda [...] Eu sofri muitas ameaças durante esses anos. Uma delas foi quando escrevia o livro em Michoacán, quando um cara me acusou de ser um agente infiltrado e disse que se me visse novamente iria atirar em mim."  

Grillo diz que a questão da violência ligada ao tráfico de drogas é um dos pontos principais a serem resolvidos na América Latina, e que o jornalismo tem tido muito sucesso em reportar e informar o que acontece, apesar das constantes ameaças e violências sofridas por repórteres. 

"Muitos ótimos jornalistas têm trabalhado com crime organizado pela América Latina e Caribe. Jornalistas fantásticos. Acho que um dos sucessos na América Latina nos últimos 20 anos tem sido o jornalismo. Se olharmos para as tentativas de se construir democracias na América Latina - e os fracassos de muitos políticos em muitos sentidos - acho que o jornalismo no geral tem sido uma história de sucesso. Tem havido boas histórias de jornalistas que informam as pessoas, assumindo riscos, muitos em circunstâncias até muito heroicas."

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes