texas-moody

Jornalistas da América Central se unem para criar rede de proteção e monitoramento (Entrevista)

Grupos de jornalistas da América Central decidiram se unir para criar uma frente comum contra os riscos e as ameaças da profissão em seus respectivos países, segundo a agência Notimex.

Reunidos no Panamá nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, os presidentes do Colégio Nacional de Jornalistas do Panamá (Conape), da Associação de Jornalistas de El Salvador (APES) e do Colégio de Jornalistas da Costa Rica (Colper) lançaram a Declaração do Panamá, por meio da qual reconhecem as ameaças que enfrenta o jornalismo na região e anunciam a criação da Rede de Jornalistas da América Central, segundo informaram as próprias entidades. Ainda que por razões econômicas os representantes dos grêmios jornalísticos de Nicarágua, Guatemala e Honduras não tenham viajado ao Panamá, eles buscarão se solidarizar com as propostas da nova rede.

A seguir, uma entrevista com José Luis Benítez, presidente da APES, com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, sobre os planos da Rede de Jornalistas da América Central.

Como surgiu a necessidade de unir as associações de jornalistas da região?

Esta iniciativa surgiu principalmente a partir das recentes agressões e limitações à imprensa no Panamá por parte de funcionários públicos e do presidente Ricardo Martinelli. Por outra parte, a preocupação pelas agressões e assassinatos de jornalistas e comunicadores em Honduras põe a região em uma situação de alerta internacional. Diante destes fatos graves surgiu a iniciativa de convocar uma primeira reunião dos presidentes de colégios e associações de jornalistas da região. Deve-se mencionar que por agora não existe uma rede de organizações e colégios de jornalistas na América Central.

Quantos jornalistas da região a rede representa?

Até agora participam nesta reunião o Colégio de Jornalistas do Panamá, o Colégio de Jornalistas da Costa Rica e a Associação de Jornalistas de El Salvador. Estas organizações em seu conjunto representam uns 4 mil jornalistas da região. Obviamente, a intenção é ampliar esta rede a todos os países e estabelecer uma rede de solidariedade para diferentes ações.

Além da declaração, que outros esforços vocês planejam realizar para fortalecer a proteção aos jornalistas da região?

Algumas das ações que foram discutidas são: manter um monitoramento constante das agressões e atentados contra os jornalistas em cada um dos países, promover espaços de capacitação para os jornalistas, gerir projetos conjuntos para fortalecer a rede e se tornar uma rede com capacidade de interlocução e incidência em organismos e instâncias regionais e internacionais.

Quais os planos para pressionar os presidentes da região a cumprir com seu dever de proteger a liberdade de imprensa e a de expressão em seus respectivos países?

Por hora, foi sugerido que cada colégio ou associação desenvolva ações diretas com os governos. Contudo, no caso do Panamá, o Colégio de Jornalistas manifestou que tem tido poucos avanços no mecanismo de diálogo com a presidência da república para garantir a liberdade de imprensa. Diante disso, fica evidente a necessidade de recorrer a instâncias regionais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), e as relatorias de liberdade de expressão tanto da Organização dos Estados Americanos (OEA) como das Nações Unidas.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes