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Jornalistas de Chile, Argentina e México recebem prêmios no festival García Márquez

Fãs  de motocicletas, vaqueiros, casas luxuosas e o que dizem os políticos e outras figuras públicas. Estes foram os temas dos projetos jornalísticos reconhecidos em 30 de setembro no Festival do Prêmio Gabriel García Márquez na cidade de Medellín, Colômbia.

Os Prêmios de Jornalismo Gabriel García Márquez (GGM) nas categorias de texto, imagem, cobertura e inovação foram entregues a jornalistas de Chile, Argentina e México.

O chileno Tomás Munita ganhou na categoria imagem por sua série fotográfica “Vaqueiros extremos”, publicada na National Geographic em espanhol. O projeto segue uma família de vaqueiros conhecidos como “bagualeros”, que capturam vacas silvestres em uma região remota da Patagônia chilena. Segundo o prêmio, o ensaio fotográfico “dispõe de um estilo narrativo que remete a tradicionais pinturas paisagistas”.

O prêmio na categoria de texto foi outorgado ao jornalista argentino Javier Sinay por “Rápido, furioso, morto”, publicado na revista Rolling Stone Argentina. Sinay utiliza a história de um adolescente, morto quando tentou roubar a motocicleta de um oficial de polícia fora de serviço, para expor “uma realidade dos bairros da periferia, onde ter duas rodas é ter algo na vida”, como conta a história.

O júri destacou desta matéria “a energia na escritura e a qualidade da reportagem para reunir, como faria um novelista, informação significativa sobre a vida de um bairro”, disse o site do prêmio.

Na categoria de inovação, de novo jornalistas argentinos receberam o reconhecimento, que foi para a equipe de Chequeado, liderada por Laura Zommer. Chequeado foi fundado como um meio digital não partidário e sem fins de lucro que verifica as declarações dos políticos, economistas, empresários, pessoas públicas, meios de comunicação, entre outros. Muitas vezes utiliza a ajuda de cidadãos para realizar seu trabalho.

“O fato de que hoje existem várias versões inspiradas em Chequeado em todo o continente ratifica que é um projeto de êxito e interesse para a comunidade de meios de comunicação e a sociedade em geral”, disse o prêmio.

A equipe de Rafael Cabrera, Daniel Lizárraga, Sebastián Barragán, Irving Huerta e Carmen Aristegui levou para a casa o prêmio de cobertura por sua investigação especial “A Casa Branca de Enrique Peña Nieto”, publicada em novembro de 2014 no site de notícias mexicano Aristegui Noticias. No artigo, a equipe de jornalistas revelou “que o presidente do México [Enrique Peña Nieto] e sua família viviam em uma luxuosa casa financiada por um contratado do Governo”, segundo o prêmio.

A matéria teve repercussões para o presidente e sua família. E como um artigo de Aristegui Noticias aponta, também teve graves consequências para os jornalistas que trabalharam no projeto. Os jornalistas Aristegui, Lizárraga e Huerta foram demitidos do grupo de rádio MVS em março 2015, onde trabalhavam na equipe de investigações especiais para o programa de rádio matutino de Aristegui. Radio MVS deu às demissões diferentes razões (incluindo o trabalho de um repórter com o Méxicoleaks), mas alguns apontaram vínculos com a reportagem sobre “a Casa Branca” e outras. Em julho, um tribunal federal rejeitou um recurso de amparo solicitado por Aristegui. Na conferência desta semana, Aristegui disse que denunciará o Estado Mexicano diante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos por denegação de justiça.

O prêmio também deu a Mauricio Sáenz Barrera o Reconhecimento Clemente Manuel Zabala, um prêmio outorgado a um editor colombiano “que seja exemplar como jornalista, formador e cidadão”.

Sáenz Barrera, chefe de redação da revista Semana, “é em síntese um profissional cabal e um cidadão exemplar em constante busca da qualidade jornalística. Sem dúvida, um faro para o jornalismo colombiano e um maestro para os jovens que embarcam no melhor ofício do mundo”, escreveu o júri do prêmio.

Em julho, a organização anunciou que a jornalista e editora brasileira Dorrit Harazim ganhou o Reconhecimento à Excelência. Harazim é jornalista há mais de 50 anos e ajudou a fundar e editar as revistas Veja e Piauí.

O conselho do prêmio destacou a capacidade de Harazim para “encontrar ângulos e aspectos que outros jornalistas deixam passar e para transportar o leitor até minuciosos e interessantes detalhes.”

O festival terminou no dia 1º de outubro.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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