Por Diego Cruz
Um grupo de jornalistas e defensores da liberdade de expressão foi convocado por cidadãos mexicanos para protestar no domingo, dia 23 de fevereiro, contra a insegurança e a violência vivida pela mídia no país. O grupo anunciou a decisão através de uma conferência de imprensa em Veracruz, no último domingo, dia 16 de fevereiro.
O grupo inclui representantes de várias organizações como Repórteres sem Fronteiras, Inter American Press Association, Periodistas de a Pie, Casa de los Derechos de Periodistas, assim como um grupo de jornalistas independentes. Os jornalistas se juntaram à "Observation Mission" após o assassinato do repórter Gregorio Jiménez de la Cruz, cujo corpo foi encontrado em 11 de fevereiro, uma semana após ter sido raptado próximo de sua casa no município de Coatzacoalcos.
Os participantes, que viajaram até Coatzacoalcos para falar com jornalistas locais e com a família de Jiménez de la Cruz, concluíram que pressões econômicas em conjunto com ameaças criminais conduziram a um clima de "insegurança e impunidade", elevando o risco de exercer jornalismo na região.
“Nós, jornalistas, somos os olhos, ouvidos e voz da sociedade. Infelizmente, o nosso trabalho se tornou um problema. As nossas vidas estão em risco,” disseram os organizadores do protesto ao Animal Político, após anunciarem os planos de protesto na cidade do México e em outras cidades do país, que irão utilizar o mote "Não dispare, nós somos jornalistas!"
O grupo inclui jornalistas e organizações que questionaram os resultados da investigação feita pelo governo de Veracruz, que afirmou que o assassinato de Jiménez de la Cruz foi motivado por vigança pessoal. O grupo exigiu que a investigação fosse iniciada pela Promotoria Especial de Crimes contra a Liberdade de Expressão (FEADLE), uma divisão do Gabinete do Procurador-Geral da República (PGR).
De acordo com a revista Proceso, a missão original era investigar as acusações feitas por jornalistas do sul de Veracruz, que alegaram ter recebido ameaças físicas e terem sido assediados devido ao seu trabalho após protestarem contra o assassinato de Jiménez de la Cruz. O grupo afirma que é tempo “de parar as agressões a jornalistas locais,” que já tiraram vidas de 10 repórteres em apenas 3 anos.
O governador de Veracruz, Javier Duarte Ochoa, disse que durante a investigação, as autoridades não descartaram a hipótese de o assassinato de Jiménez de la Cruz ter sido motivado pela sua profissão, assegurando que seis dos suspeitos detidos após o crime iriam receber suas sentenças nos próximos dias. O governador também acrescentou que na segunda-feira, dia 17 de fevereiro, o procurador-geral daria aos membros da Mission acesso a documentos da investigação, de acordo com La Jornada.
Proceso afirma que a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos em Oaxaca expressou a sua solidariedade para com os jornalistas de Veracruz, dizendo que os ataques contra a liberdade de expressão no México são um retrocesso para os direitos humanos no país.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.