Juan Camilo Ortiz foi condenado a 47 anos, seis meses e dois dias de prisão por ser o autor material do assassinato da jornalista colombiana Flor Alba Núñez Vargas, de 31 anos, informou El Colombiano.
Em 8 de setembro, após um julgamento de quase dois anos em que a acusação reuniu 93 provas e evidências apontando para Ortiz como o assassino da jornalista, o Terceiro Tribunal Penal do Circuito Especializado da cidade de Neiva proferiu a sentença contra Ortiz depois de considerá-lo culpado pela morte de Núñez.
A jornalista morreu em 10 de setembro de 2015, depois de receber dois tiros nas costas ao entrar na estação de rádio La Preferida Stéreo, onde trabalhava em Pitalito, município da Huila. Ela também colaborava com vários canais de televisão e jornais, incluindo Canal 6, Nación TV e o jornal La Nación.
O homem que atirou fugiu em uma motocicleta. Pouco depois, no dia 27 de setembro do mesmo ano, Juan Camilo Ortiz, conhecido como "El Loco", foi preso em Palmito, no Estado de Sucre, por ordem da Promotoria, informou El Espectador.
A Promotoria acusou Ortiz dos crimes de homicídio agravado e fabricação, tráfico, porte e posse ilegal de arma de fogo. Ortiz teria atuado com Jaumeth Albeiro Flórez, conhecido como "El Chory", a quem a Promotoria acusa de ter sido o condutor da motocicleta em que Ortiz fugiu após o assassinato. Flórez segue foragido, de acordo com a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, na sigla em espanhol).
Para a acusação, uma das principais hipóteses para o assassinato de Núñez é que tenha sido uma vingança pessoal, segundo informou a Semana. Em 2014, a jornalista reportou que Ortiz, acusado de ser um dos assassinos que disparou cinco vezes contra a veterinária Juliette Henao, em Pitalito, foi libertado sob prisão domiciliar por ordem do juiz responsável por seu caso.
Em suas investigações jornalísticas, Núñez também denunciava atos de corrupção na política local, bem como o crescimento das grupos criminosos na região.
Um dos colegas da jornalista, que falou à Semana sob anonimato, disse que o ataque contra a veterinária foi reportado por vários profissionais de comunicação, não só por Núñez. Em relação a outras investigações realizadas pela jornalista antes de sua morte, seu colega também disse que "no dia em que a mataram, ela reportaria que um vereador e um candidato a prefeito estavam obrigando as mães da comunidade a votar neles".
Para FLIP, esta sentença é uma vitória parcial. "O outro perpetrador ainda não foi levado à Justiça e nenhuma estratégia de investigação foi estabelecida para identificar os autores intelectuais do crime", disse a organização em seu site.
Incluindo Núñez, 153 jornalistas foram assassinados nos últimos 40 anos na Colômbia, de acordo com a FLIP. A fundação instou as autoridades judiciais a continuar investigando o assassinato da jornalista para encontrar os autores intelectuais de sua morte.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.