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Ministra venezuelana acusa canal de TV de sensacionalismo e manda apreender equipamentos durante crise penitenciária

Durante uma situação de conflito na penitenciária La Planta, em Caracas (Venezuela), nesta segunda-feira, 30 de abril, a ministra de Serviços Penitenciários do país, Iris Varela, afirmou por telefone ao canal público Venezuelana Televisión (VTV) que a emissora privada de televisão Globovisión estaria veiculando "informações mal-intencionadas" e mandou apreender seus equipamentos, interrompendo a transmissão do canal, informou a Associação Nacional de Jornalistas (CNP) do país.

Após a declaração da ministra, um membro da Guarda Nacional Bolivariana danificou o veículo que transportava o transmissor de sinais e reteve os técnicos da emissora privada, bem como os equipamentos, por cerca de uma hora, relatou também jornal venezuelano El Universal.

A situação começou com uma tentativa de fuga por parte de um detento, que teria pulado do telhado da penitenciária, segundo a TVN Noticias. Houve uma revolta entre os presos e tiros foram ouvidos, afirma o portal NTN 24. A polícia usou bombas de gás lacrimogênio para retomar o controle sobre o local. Três dias antes, em 27 de abril, autoridades venezuelanas descobriram que os detentos haviam escavado um túnel pelo qual fugiriam em massa noticia a Agência Lusa. No entanto, segundo Carlos Nieto, diretor da ONG Una Ventana a la Libertad, o que aconteceu foi um enfrentamento entre os presos rebeldes e a polícia, como informa a Associated Press (AP).

À VTV, Varela afirmou que a situação estava sob controle e acusou a Globovisión de perpetrar "um show" e de criar uma situação de violência. "Essa é uma área de segurança e não vamos permitir que uma área delicada seja produto de um cruzamento de informações mal-intencionadas", disse a ministra, em gravação disponibilizada pelo El Universal.

Apesar de Varela ter afirmado que não permitiria mais o ingresso de membros da imprensa na área, testemunhas que estavam nos arredores de La Planta contaram que as as câmeras da VTV puderam entrar dentro do centro penitenciário, segundo o portal La Patilla.

A CNP lançou uma nota nesta terça-feira (1° de maio) rechaçando a atitude da ministra. "A atitude do Ministério do Poder Popular para Assuntos Penitenciários atenta contra o direito dos venezuelanos de estar informados de situações de interesse público, por diferentes pontos de vista e não apenas por meio do canal do Estado. A Associação Nacional de Jornalistas rechaça as insinuações da ministra Varela que apontam que a situação em La Planta é parte de uma armação midiática da qual a Globovisión faria parte", afirmou a CNP.

A Globovisión tem uma relação conflituosa com o governo e é alvo de vários processos judiciais, mas a Venezuela é frequentemente lembrada por ações contra a liberdade de imprensa de maneira geral. Em fevereiro deste ano, quatro emissoras de rádio foram fechadas por operar sem licença no país. Em março, jornalistas denunciaram 2011 como o pior ano para a imprensa na Venezuela.

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