Por Maira Magro
Num ambiente de disputa acirrada no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, alguns meios de comunicação entraram na briga e tomaram partido, de forma às vezes óbvia e outras nem tanto, nas votações de 31 de outubro.
As manifestações mais recentes vieram do exterior: o jornal britânico Financial Times publicou um editorial nesta terça-feira, 26, defendendo a eleição de José Serra (PSDB). Uma semana antes, a revista The Economist havia afirmado que “Serra seria um melhor presidente que Dilma Rousseff (PT)”.
No Brasil, a candidatura tucana foi defendida em editorial do Estado de S. Paulo, enquanto a revista Carta Capital declarou expressamente apoio a Dilma.
Outra batalha foi travada pelo conteúdo das próprias matérias jornalísticas, com maior engajamento das semanais. A Veja publicou capas abertamente contrárias a Dilma, uma apontando posições incongruentes em relação ao aborto. A IstoÉ saiu em defesa da candidata petista, e lançou na semana seguinte uma capa ironizando a revista concorrente – com um layout idêntico, mas com declarações contraditórias de Serra sobre denúncias envolvendo a campanha.
Na ausência de propostas abrangentes de ambas as candidaturas sobre os temas mais relevantes para o país, a cobertura jornalística na reta final das eleições se deteve em acusações cruzadas e discussões conservadoras de assuntos como religião e aborto. O esvaziamento das discussões de projetos políticos também ficou claro nas páginas inteiras de jornais dedicadas a episódios como uma bolinha de papel e um rolo de adesivo atingindo a cabeça de Serra e uma bexiga de água jogada em direção a Dilma.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.