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Organização colombiana denuncia assédio judicial do senador e ex-presidente Álvaro Uribe contra jornalista Daniel Coronell

A Fundação pela Liberdade de Imprensa (FLIP) denunciou o que considerou assédio judicial contra o jornalista e colunista colombiano Daniel Coronell pelo ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe Vélez.

Segundo a FLIP, o “assédio judicial” contra Coronell teria começado depois que o jornalista publicou informações sobre o ex-presidente em sua coluna semanal na revista Semana. Como resultado dessa coluna, Uribe Vélez decidiu processar na esfera civil o jornalista nos Estados Unidos, acrescentou a FLIP, país onde Coronell vive atualmente. A organização não especificou qual foi a coluna que originou o processo.

Foi o próprio jornalista que divulgou este processo civil em sua coluna do dia 7 de abril, intitulada "Por qué quieren silenciarme?" (“Por que querem me silenciar?”). Nessa coluna, segundo a FLIP, o jornalista afirmou ter provas de que Uribe Vélez teria dado instruções em 23 de junho de 2018 para "proceder muito drasticamente contra esse sujeito" em referência ao jornalista e ao processo judicial contra ele.

“É uma forma nova e sofisticada de censura. Eles querem me estrangular financeiramente com o custo da defesa nos Estados Unidos e, assim, convencer-me que ficar quieto é um bom negócio. Vou continuar cumprindo meu dever", disse Coronell ao Centro Knight.

"Desde que a FLIP começou a monitorar casos judiciais contra a imprensa, esta é a primeira vez que se registra uma prova sobre a instrução de um funcionário público para levar a cabo esse tipo de ação contra um jornalista", escreveu a organização em seu comunicado. "Nesse sentido, é importante lembrar que organizações como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos classificaram o assédio judicial como um mecanismo de censura indireta."

No passado, Coronell foi vítima de "reações estigmatizantes" que já o colocaram em risco, segundo a FLIP. A organização também observou como preocupante "o alcance da censura" que esse processo judicial pode ter e que essas ações não apenas "podem inibir o debate público", mas também restringir o trabalho jornalístico no país.

"O que se busca com esse tipo de agressão, mais do que uma condenação contra jornalistas, é intimidá-los e submetê-los ao desgaste de anos de defesa judicial", disse a FLIP em seu comunicado. "Nesse caso, em particular, também é preocupante que ações judiciais sejam acionadas em outros países sobre controvérsias públicas relevantes para a democracia colombiana."

Segundo a organização, ações judiciais contra jornalistas ou meios em retaliação por seu trabalho são conhecidas como “litígios estratégicos contra a participação pública”.

Em sua conta no Twitter, Coronell também disse que estava sendo vítima de uma campanha com o objetivo de silenciá-lo.

"Como sempre que se aproxima uma campanha de aniquilamento moral, começam a aparecer no Twitter contas com 0 ou muito poucos seguidores insultando. Pesquisas enganosas que tentam dirimir a verdade e papéis falsos para me sujar. Nada é novo. #PorQueQuierenSilenciarme", escreveu o jornalista.

A relação do senador Uribe com alguns jornalistas tem sido marcada por escândalos. No passado, a FLIP observou com preocupação os casos de estigmatização contra alguns colunistas, incluindo Coronell. Em março de 2018, um tribunal de Bogotá ordenou que Uribe retificasse afirmações contra Coronell.

O Centro Knight tentou entrar em contato com o senador Uribe por meio do Twitter, mas não obteve uma resposta a partir da publicação deste post.

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