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Pela primeira vez, autoridade pública é sentenciada por ordenar agressão contra jornalista no México

Enrique Benjamín Solís Arzola, ex-prefeito de Silao, em Guanajuato, no México, foi sentenciado a dois anos de prisão por ordenar o ataque contra a jornalista Karla Janeth Silva Guerrero, do jornal Heraldo de León, em setembro de 2014. Solís Arzola é a primeira autoridade pública a ser sentenciada no país por agressão contra um jornalista, segundo o Animal Político.

No entanto, segundo o jornal El Universal, a juíza criminal María Eugenia Chávez liberou o ex-prefeito durante uma audiência encurtada, a qual favoreceu a liberdade antecipada durante o processo. Na audiência judicial, Solís Arzola admitiu ter mandado Nicasio Aguirre Guerrero, o chefe da polícia na época, contratar um grupo de pessoas para atacar e ameaçar a jornalista Silva, por fazer declarações críticas contra o governo municipal.

O ex-prefeito - que estava detido em custódia por este caso desde o dia 11 de março de 2016 no Centro de Reinserção Social (Cereso), em Irapuato, Guanajuato - também terá que pagar uma multa de 3.507 pesos mexicanos (cerca de R$ 600) e reparação de danos às vítimas. Além disso, Solís Arzola não poderá ocupar cargos públicos por um período de dois anos, de acordo com o Animal Político.

Na tarde do dia 4 de setembro de 2014, a jovem jornalista Karla Silva foi violentamente atacada por três agressores que invadiram seu escritório, na redação do jornal El Heraldo de León. Os agressores também atacaram uma colega, Adriana Palacios, presente na hora do ocorrido. Eles falaram explicitamente a Silva que a agressão era para que ela 'baixe o tom' de seus artigos, o site AM reportou à época.

O advogado de Silva, Javier Cruz Angulo, comemorou a sentença proferida ao ex-prefeito, de acordo com o El Universal, e declarou: "Podemos saber que a motivação de Benjamín Enrique Solís Arzola foi restringir a liberdade de expressão, porque ele não concordava com as críticas feitas contra a administração".

Como resultado de uma recomendação feita no dia 21 de novembro de 2014, dois meses após o incidente, pela Procuradoria de Direitos Humanos do Estado de Guanajuato — entidade que determinou que o ataque de Silva foi causado por seu trabalho jornalístico — o ex-prefeito publicou suas desculpas a Silva e Palacios no último sábado, dia 22 de julho. Em uma nota publicada em um jornal estatal, Solís Arzola pediu perdão por ter ameaçado e atacado as duas e por ter "ferido" a liberdade de expressão, segundo o Sin Embargo.

Os agressores de Silva foram presos e em seguida soltos sob fiança em abril de 2015, reportou à época o Artigo 19. Com o mesmo benefício concedido pelo procedimento do julgamento 'encurtado' - posteriormente aplicado ao ex-prefeito Solís Arzola - os réus receberam uma pena reduzida e liberação antecipada depois de confessar seu crime, afirmou a organização.

Na época, o juiz que liberou os dois argumentou que "não há como provar que [as lesões] poderiam ter posto em perigo a vida do jornalista [Karla Silva]".

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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