Por Maira Magro
O Ministério Público Federal de Mato Grosso denunciou políticos e empresários de Juína, no noroeste do Estado, por sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal de jornalistas e ambientalistas que tentavam produzir um documentário sobre o desmatamento na região e os índios Enawene Nawe, informaram a Folha de S. Paulo e o Greenpeace. Os agressores temiam que eles ajudassem os índios no processo de demarcação de terras ocupadas pelos fazendeiros.
O episódio envolveu uma equipe de nove pessoas, incluindo um fotógrafo brasileiro, dois jornalistas franceses e integrantes das ONGs Greenpeace e Operação Amazônia Nativa (Opan). Nos dias 20 e 21 de agosto de 2007, dezenas de fazendeiros, empresários e autoridades de Juína cercaram o hotel onde eles estavam hospedados, impediram que visitassem os índios e exigiram que se retirassem do município. A Gazeta Digital relata que eles foram ameaçados e agredidos. O grupo foi levado à Câmara Municipal para explicar o que fazia e, no dia seguinte, escoltado até o aeroporto.
Entre os seis denunciados estão o ex-prefeito Hilton Campos (PR), o ex-presidente da Câmara Municipal Francisco de Assis Pedroso (DEM) e o ex-presidente do Conselho de Segurança Municipal Natalino Lopes dos Santos, afirma o Diário de Cuiabá. A explicação que ofereceram para sua conduta beira o absurdo. Pedroso afirmou que os ambientalistas “são muito folgados” e “tinham que se apresentar à cidade e explicar o que vieram fazer”. Santos declarou: “A imprensa internacional tem o direito de vir aqui e fazer o que bem entende sem o nosso conhecimento, levar informação sei lá pra onde?”
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.