Por Alejandro Martínez
Por que a aclamada jornalista mexicana Marcela Turati contou uma história de morte e ameaças contra seus colegas durante uma ceriônia que homenageou a nata do jornalismo investigativo dos Estados Unidos?
Porque os problemas de corrupção e tráfico de drogas no México não terminam na fronteira, disse ela, e os jornalistas estadunidentes também devem conhecer a história.
Durante seu discurso, 22 de junho, na 34a conferência de Repórteres e Editores Investigativos em San Antonio, Texas, Turati, uma repórter investigativa da revista mexicana Proceso e cofundadora da organização de jornalismo Periodistas de a Pie, descreveu a stuação do sul da fronteira, onde dezenas de jornalistas foram assassinados nos últimos 10 anos.
Lá, criminosos se infiltraram nas redações. Jornalistas que incomodam traficantes de drogas são sequestrados e torturados. Turati disse que um jornalista mexicano certa vez pediu uma arma a seus colegas -- não para proteção, mas para se matar caso os criminosos chegassem até ele.
Muitos jornalistas no México ainda arriscam suas vidas para contar essas histórias, mas o silêncio está se espalhando, disse ela, e muitos lugares no México foram sugados para um vácuo de informação.
Turati disse que repórteres dos EUA frequentemente lhe perguntam como eles podem ajudar. Mais do que qualquer coisa, disse ela, jornalistas estadunidenses devem investigar funcionários corruptos do governo, traficantes locais de drogas e lavagens de dinheiro.
“Vocês podem fazer várias coisas. Mas acredito que precisamos fazer jornalismo, porque é isso que nós somos, jornalistas", disse ela. "Repito, isso não é apenas para nos ajudar, é para ajudar vocês também.”
“O que vocês podem fazer?", perguntou ela. "Um amigo em Sinaloa, da revista investigativa ‘Riodoce,’ talvez tenha usado as melhores palavras> 'não nos abandone.' Eu digo o mesmo a vocês.”
Ao final do discurso, as centenas de jornalistas que estavam na conferência aplaudiram Turati de pé.
Leia o discurso completo de Turati proferido na conferência do IRE aqui (em inglês).
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.