Por Isabela Fraga
Motivada pelo assassinato do proprietário do Jornal da Praça, Luis Henrique Georges, na cidade de Ponta Porã (Mato Grosso do Sul), a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) alertou para a "elevada insegurança a que a profissão jornalística está exposta em certas regiões do país", noticiou a agência de notícias EFE.
Ocorrido às véspreas das eleições municipais do país, o assassinato de Georges chamou atenção para a situação em que vivem jornalistas de veículos administrados por políticos que, segundo a RSF, "são particularmente expostos a 'acertos de contas' por parte de ativistas políticos ou correligionários". Ainda não foi confirmado se o crime tem relação com a atividade do jornalista, que havia comprado recentemente, informou o portal UOL.
"O segundo turno de eleições acontecerá em 28 de outubro, e a maneira como a companha tem sido conduzida afeta a operação geral de vários veículos regionais no Brasil", acrecentou a RSF. A organização também fez referência à situação do repórter André Caramente, da Folha de São Paulo, que foi enviado pelo jornal a um lugar seguro após receber ameaças do ex-comandante de polícia Adriano Lopes Telhada. A RSF vê na situação do repórter um retrocesso na liberdade de expressão do país.
Georges foi o oitavo jornalista assassinado no país em 2012. Além dele, também foram mortos Laércio de Souza, Mario Randolfo Marques Lopes, Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, Onei de Moura, Divino Aparecido Carvalho, Décio Sá e Valério Luiz de Oliveira. Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), o país ainda apresenta um índice de impunidade de 75%.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.