À medida que encerramos 2021 e entramos em um novo ano, a equipe da LatAm Journalism Review (LJR) faz a sua retrospectiva das histórias mais interessantes e importantes que cobrimos este ano.
Países como Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Cuba experimentaram uma piora e preocupantes retrocessos na liberdade de imprensa por responsabilidade do Estado. Mas, também houve vitórias importantes para a liberdade de imprensa na região, como a decisão da Corte Interamericana de condenar a Colômbia no caso de sequestro, tortura e agressão sexual de Jineth Bedoya Lima.
Também vimos inovação em termos de colaboração, jornalismo de dados, a criação de novos canais nativos digitais e muito mais. Nós te contamos os bastidores sobre como várias investigações premiadas foram feitas e as lições aprendidas.
Então, dê uma olhada em algumas das histórias que cobrimos em 2021. E esperamos vê-lo novamente em 2022.
Para José Rubén Zamora Marroquín, fundador e diretor do jornal guatemalteco elPeriódico, o governo queria "fabricar" um processo criminal contra ele reabrindo, no final de outubro, um processo encerrado há anos. Em entrevista à LJR, Zamora acrescentou que isso ocorre porque as instituições do governo guatemalteco não têm autonomia política e financeira e obedecem ao governo vigente.
Muitos dos mais de cem jornalistas latino-americanos que participaram dos 'Pandora Papers', a maior investigação jornalística da história, pertencem a redações de pequeno e médio porte, cuja relevância tem sido fortalecida pelo impacto de suas investigações e por trabalharem com grandes meios do mundo.
Em uma decisão histórica, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) considerou o Estado colombiano responsável pela violação de vários direitos da jornalista Jineth Bedoya Lima como resultado do sequestro, tortura e violência sexual de que ela foi vítima em 25 de maio de 2000, como represália pelo seu trabalho jornalístico.
Estudantes lançaram, ainda na faculdade e com apenas R$ 200, a Tatu, agência de jornalismo de dados especializada na cobertura do estado de Alagoas. Hoje a startup conta com oito funcionários, já se sustenta financeiramente e busca ampliar a cobertura.
Alerta em El Salvador, onde aumentam a violência e discursos estigmatizantes contra jornalistas
Em setembro, a Associação de Jornalistas de El Salvador (APES) alertou que o ano de 2021 seria um dos mais violentos e restritivos contra jornalistas no país, com a Polícia Nacional Civil liderando as violações contra a imprensa.
Jornalistas que deixaram veículo peruano após crise jornalística criam seu próprio site de notícias com foco em vídeo
A Epicentro TV nasceu como uma espécie de cooperativa de seis jornalistas que saíram de um dos noticiários televisivos de maior prestígio do Peru, o Cuarto Poder, após uma crise de credibilidade na mídia tradicional peruana durante as eleições presidenciais de 2021.
A Fundación para la Libertad de Prensa (FLIP) decidiu que o problema dos desertos de notícias do país deveria ser enfrentado de forma mais direta. E para tentar resolvê-lo, criou um meio de comunicação e um laboratório de jornalismo móvel para que as pessoas em diferentes municípios criem e divulguem informações locais.
Setenta reportagens e ainda contando. Este é o principal resultado de uma luta travada desde 2017, e ainda em andamento, pela divulgação da totalidade dos pagamentos de aposentadorias e pensões do governo brasileiro. Na linha de frente está a Fiquem Sabendo, agência de jornalismo especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI).
"Os jornalistas latino-americanos estão entendendo a necessidade de usar o TikTok como uma forma mais direta de atingir o público jovem que usa o entretenimento como ferramenta de comunicação”, disse Noelia Gonzalez Pereyra à LJR.
Nicarágua completa três anos em crise, e jornalistas contam como é trabalhar sob repressão do regime
Em abril de 2021, a Nicarágua completou três anos dos protestos que começaram em 18 de abril de 2018, quando o país foi sacudido por uma grave crise política. As manifestações são um marco no país, porque, depois delas, o regime nicaraguense e apoiadores do partido governista, a Frente Sandinista de Libertação Nacional, se voltaram contra a imprensa e opositores.