By Carolina Peredo
Em coletiva de imprensa, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e o Conselho de Imprensa Peruana (CPP) condenaram o assassinato da esposa do jornalista Gerson Fabián Cuba, Gloria Lima Calle, que semanas atrás morreu vítima de um ataque encomendado nas instalações de Radio Rumba, no distrito de Pichanaki, província de Chanchamayo, Junín. As balas foram dirigidas ao jornalista, apresentador do noticiário da manhã da rádio, mas sua mulher acabou atingida depois de tentar proteger seu marido e seu filho, que também estava na cabine de transmissão.
O viúvo de Gloria Lima, Gerson Fabián Cuba, participou da coletiva de imprensa realizada em Lima para expor detalhes do ataque aos meios nacionais. Em sua fala, contou que durante a última etapa da campanha eleitoral prévia às eleições municipais de 5 de outubro, havia criticado na rádio o candidato à prefeitura de Pichanaki por Somos Perú, Alfredo Torres Cano. Cuba denunciou que recebeu ameaças de morte diretas de Torres Cano. “Vou te queimar e não vai acontecer nada, se quiser pode gravar”, ameaçou o ex-candidato por telefone, segundo o jornalista.
Na reunião participaram o colega de Cuba, Rolando Campos Flores, o presidente da SIP, Gustavo Mohme Seminario, e representantes do Conselho de Imprensa Peruana, uma organização sem fins de lucro dedicada a promover a liberdade de expressão no país. O presidente da SIP e diretor do jornal peruano La República, expressou preocupação com o perigo enfrentado por jornalistas em distintas províncias. "Invocamos o ministro da segurança pública (Daniel Urresti) e exigimos do procurador da república (Carlos Ramos Heredia) uma pronta resposta e que todo o peso da lei recaia sobre estes assassinos", disse Mohme Seminario.
O presidente da SIP também mostrou indignação pelo desempenho da promotora Raquel Miranda Aliaga, responsável pelas investigações, que, segundo a versão dos jornalistas Gerson Fabián e Rolando Campos, “dormiu” durante a exposição de suas manifestaciones. Seminario também ressaltou a necessidade de que as instituições do Estado, como o Ministerio Público, “deem sinais claros para a sociedade frente a graves atos que afetam o exercício da liberdade de expressão”.
O locutor de "Rumba de Noticias", Gerson Cuba, expressou também preocupação pela segurança de seu filho, que foi testemunha do ataque e poderia reconhecer os pistoleiros. Até o momento, só foi detido Marvin Mazuelos Cristóbal como suposto co-autor do crime.
Trabalhadores de imprensa no Peru estão preocupados depois do ataque. Os jornalistas de Ayacucho Paola Collazos e José Atauje, correspondentes de Canal N e América Televisión, também receberam ameaças e mensagens anônimas em seus celulares, após denunciar casos de corrupção e narcotráfico.
Os organizadores do encontro convocaram jornalistas, meios de imprensa e organizações de defesa da liberdade de expressão a manifestar solidariedade com os colegas e assinar a Declaração de Pucallpa, que estabelece um acordo para aumentar esforços contra a impunidade em crimes contra jornalistas no Peru.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
